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A primeira fase de candidaturas ao Ensino Superior já arrancou! Tenho alertado que o Ensino Superior é fundamental para o país como um todo pois provoca externalidades positivas, mas também do ponto de vista individual.
No entanto, a questão tem-se levantando: estará o Ensino Superior a servir de elevador social ou a reproduzir as desigualdades sociais pré-existentes? De acordo com a DGES, apenas 44,4% dos alunos carenciados transitaram para o Ensino Superior.
O meio socioeconómico em que cada jovem cresce ainda é um fator determinante no seu acesso ao superior, nos com médias mais altas apenas 6% dos alunos bolseiros conseguem entrar. De facto, observamos que o acesso ao Ensino Superior funciona a duas velocidades, com metade dos estudantes do Ensino Secundário a ter explicações e 25% a frequentar colégios privados. A inflação de notas continua a provocar injustiças brutais, daí a importância dos exames nacionais no combate a este flagelo.
Os dados mostram que 40% das notas nos colégios são de 19 e 20 valores, sendo que a Inspeção-Geral da Educação detetou ilegalidades em dez, exigindo a reposição imediata da legalidade. Contudo, não podemos aligeirar a realidade, há colégios que vivem comercialmente da fama de inflacionar notas.
Receber ou pagar para subir as notas, e assim aumentar as hipóteses de entrar no curso desejado, é simplesmente corrupção. As estatísticas revelam que, em Portugal, uma família pobre demora cinco gerações a subir de classe social, por vários motivos, sendo um deles o Ensino Superior não estar a cumprir eficientemente o seu papel de elevador social.