É Natal! Há casa cheia, mesa farta, risadas e tradições. Há o bacalhau, o peru, a árvore de Natal pirosa e as rabanadas, que nunca serão tão boas como as da saudosa avó. Há a alegria das crianças e alguém toscamente mascarado de Pai Natal e identificado mal entra na sala.
Corpo do artigo
Há os presentes e a tia que insiste em dobrar e guardar os papéis de embrulho - "nunca se sabe quando vão dar jeito", diz - embora saibamos que, ano após ano, nos vai ofertar o famoso envelope com a notinha, que recebemos carinhosamente mesmo quando já passamos os 40 anos.
Natal é sinónimo de abundância. Abundância de amor.
Natal é o tempo em que o passado, o presente e o futuro convivem em harmonia. Em que lembramos os que já partiram, com a felicidade de com eles termos convivido, honrando-os com a sua lembrança e perpetuando as suas tradições através das nossas crianças.
É tempo de darmos graças pelo que temos. Pelos que temos.
Natal é também tempo de solidariedade, de empatia e reflexão. De lembrar que este ano cerca de 50 000 portugueses vão passar o Natal longe das suas famílias, por estarem infetados com este malfadado vírus. Tempo de lembrar que tantas ceias de Natal têm hoje cadeiras vazias por culpa da covid. Tempo de lembrar todos os empresários e empregos que foram perdidos com esta pandemia.
Mas, também, tempo de lembrar todos aqueles que pela lotaria da vida nasceram em geografias onde a escassez, a guerra e a falta de liberdade os impedem de partilhar a alegria da vida. Tempo de lembrar o frio dos campos de refugiados e a proibição da alegria da música no Afeganistão.
Tempo de nos transformarmos em pessoas melhores e de o ensinar aos nossos filhos. Sem dúvida, o maior presente que lhes podemos dar.
O rebuliço e a velocidade do dia a dia afastam-nos, tantas vezes, daquilo que verdadeiramente importa. Todos o sabemos e todos os anos, nesta época, o recordamos e voltamos a reaprender. É também esta a magia desta época. Felizmente há Natal!
*Engenheiro e autarca do PSD