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O país tem assistido, nos últimos tempos, a tipos de manifestações que permitem fazer uma avaliação como a paz social tem estado a ser desbaratada de uma forma irresponsável e com pouca participação da sociedade.
Sim, falamos da baixa participação cívica dos cidadãos que, numa certa forma, se resignaram a viver sem serviços públicos ou a ser incomodados quando pretendem ir trabalhar. Uma primeira afirmação deve ser registada já que os direitos constitucionais não podem nunca ser colocados em causa. Logo, todos temos direito à greve ou à livre manifestação.
A utilização do Orçamento como um meio para desenvolver políticas sociais ou de satisfação a quem tem maior capacidade reivindicativa não parece ser a melhor solução para a definição de políticas públicas estruturantes e reformistas. O Orçamento como documento previsional deve ser o enquadrador ou o resultado da aplicação de meios públicos ao serviço da execução dessas políticas.
As greves desencadeadas até à exaustão, por exemplo, por professores e médicos acabam por revelar que nada se ganha quando se atrasam as respostas de afirmação de políticas públicas reformistas ou se frustram as expectativas de alguns grupos profissionais.
A realização de manifestações de agressão e imposição, não compreendidas por muitos que estão a trabalhar, contra empresas que atuam no quadro legal começa a assumir uma dimensão que ninguém consegue entender.
Então e o papel da Índia, da China, dos EUA ou da Rússia nesta geopolítica do ambiente não conta?
Sobre a habitação nem Vasco Gonçalves quis ir tão longe. Temos aqui, é certo, o maior falhanço das políticas públicas pós-25 de Abril, mas procurar responsabilizar o pequeno proprietário pela crise habitacional não lembra a ninguém.
Estamos a falar de movimentos radicais e marginais, vulgo crismados de ativistas, que procuram impor a sua vontade de minoria ao coletivo numa inversão das regras democráticas.
Não podemos fazer como aquele grupo que ficou conhecido como “Os vencidos da vida”, onde pontificavam Eça, Ramalho ou Oliveira Martins. Temos de compreender que tudo agora está mais complexo e mais volátil aos desejos de quem consegue divulgar as suas “ideias” recorrendo a todos os mecanismos disponíveis no mundo mediático.
Daí que assumindo o jogo democrático compete aos partidos moderados saber expressar o sentimento da chamada “maioria silenciosa” que todos os dias contribui para ajudar a pagar a dívida pública que outros vão criando para responderem às suas utopias sem sentido. Esses são os que estão a abdicar resignados da tradicional intervenção cívica cujo maior resultado é o consecutivo aumento das taxas de abstenção eleitorais.