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“Hoje tudo ficou para trás. Minha vida acabou e era importante para mim vivê-la com dignidade: ser honesta, gentil e amorosa. Hoje, trabalhamos para os heróis e é uma grande oportunidade para reafirmar os seus valores - para ser essa pessoa de verdade (...) Obrigado a todos os que me amaram e me apoiaram. Não fiquem tristes por mim, a vida é tão curta. Se continuar após a morte, voltaremos a encontrar-nos.”
Iryna Tsybukh, a “Cheka” como era conhecida”, completaria 26 anos no sábado passado. Foi morta três dias antes quando combatia as forças russas.
Paramédica voluntária, Iryna já tinha experiência de batalha desde 2015, altura em que se juntou às operações militares contra os separatistas do Donbass. Terá sido essa fria e pragmática experiência que a levou a escrever à mão uma carta póstuma antes de cair perante as armas de Vladimir Putin no nordeste de Kharkiv. A mesma região onde um ataque russo a um hipermercado causou dezenas de mortos, onde as crianças têm aulas na escuridão das estações de metro, onde bombas guiadas por aviões destruíram dezenas de edifícios civis. Mais de 11 mil pessoas fugiram de Putin nestes últimos dias.
Iryna não era uma influencer, apesar de ser seguida no Instagram por mais de 20 mil pessoas. Foi “uma pessoa de verdade”, como a própria desejaria ser. E, numa altura em que a Europa vai a votos, vale a pena homenagear esta e todos aqueles que lutam por sociedades livres. Que lutam pela vida.
É bom recordar que as sondagens apontam um crescimento sem precedentes para a extrema-direita. A mesma que tem dirigentes e elementos que apoiam o presidente russo. A mesma que também tem financiamentos de Moscovo e que gostaria de controlar o Parlamento Europeu.
Que a morte de “Cheka” não seja em vão.