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O fim de semana ficou marcado, para nós, pela morte do nosso sócio um: o Sr. José Luís Fernandes. Tive a imensa felicidade de o conhecer, de ser seu amigo. Dele ganhei, pela sua devoção associativa (não apenas ao Vitória), um exemplo que retenho. Ele era um homem de histórias. E é-o ainda, pois a sua memória ficará em mim, em quem o conheceu, e, seguramente, naqueles a quem contaremos as suas histórias. Relembro aqui uma delas.
O Sr. Zé Luís assistiu, ainda muito jovem, ao jogo que marcou o acesso do Vitória à 1.ª Divisão, em 1942, no Campo da Constituição, no Porto. Numa altura em que o acesso era feito por convite a determinadas federações regionais, pois havia clubes fixos (nada mudou muito nestes 80 anos). O Vitória, campeão distrital e campeão do Minho, foi disputar com o União de Lamas, da federação de Aveiro, esse acesso.
O Sr. Zé Luís acompanhou, ainda muito jovem, a sua equipa. Falou-me da quantidade de gente que de Guimarães foi ao Porto para apoiar o seu clube. Falou-me do ambiente e da montanha-russa de emoções que um jogo com dez golos teve. O Vitória saiu vencedor por 6-4.
Mas de toda a emoção transmitida retive o cavalheirismo, por ele incensado, do guarda-redes Reis, do União de Lamas. Depois de um golo que o árbitro julgou não ter sido, pois as redes estavam furadas, o árbitro assinala pontapé de baliza. O Sr. Reis abeirou-se do árbitro e disse-lhe que era golo e assim foi, num gesto que de tão nobre parece, hoje, ficção.
Nesse jogo, o Vitória jogou com 11 jogadores nacionais. No sábado entramos com dez. Mas isso não interessa nada. Interessa é o Porto, o Benfica e o Sporting.
*Adepto do Vitória