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Estamos em plena época de férias e é natural que a própria intensidade política se reduza com a polémica a ser menos significativa. Compreende-se que assim seja. A classe política vai a banhos e o país acompanha o tempo de descanso com a expectativa no regresso do futebol.
Sendo um momento de lazer é, também, um momento propício à reflexão e à leitura de bons livros que podem ajudar, no regresso de férias, a cometer menos erros.
A exemplo de outros anos, gostava de deixar algumas recomendações de leitura para a classe política, em particular, sem esquecer o nosso leitor.
Vou começar por Henry Kissinger, que recentemente celebrou 100 anos e nos deixa mais uma obra de referência intitulada “Liderança”. Neste livro desenvolve estudos sobre estratégia mundial e analisa a vida de seis líderes completamente diferentes entre si. Fala de Charles de Gaulle, Konrad Adenauer , Richard Nixon, Anwar Sadat, Lee Kuan Yew e Margaret Thatcher e das suas características que precisam de assentar em dois eixos: entre o passado e o futuro e entre valores e aspirações.
Depois sugiro “Os engenheiros do caos”, de Giuliano da Empoli, o qual aborda a questão dos populismos e a sua ascensão. No ano do centenário do seu nascimento, Eduardo Lourenço e a sua “Correspondência” com Jorge de Sena. A avaliação de um certo tempo de Portugal. A “Escravatura”, do historiador João Pedro Marques, deixa-nos perguntas e respostas sobre a tal ditadura do cancelamento e ajuda-nos a responder a muitas dessas dúvidas. O estilo biográfico ou de memórias também são importantes e daí duas sugestões. De Kati Marton, “A chanceler”, sobre a antiga líder da Alemanha, Angela Merkel, que parece ter sido a última grande líder europeia. “Por dentro do terceiro Reich”, com prefácio de Rui Ramos, as memórias do arquiteto de Hitler, Albert Speer, explicam-nos o que foi, durante 12 anos, o mundo da liderança da guerra nazi. Curiosamente mostra-nos a capacidade de sobrevivência de alguém que serviu como ministro do Armamento, foi julgado em Nuremberga e acabou libertado. Que segredos saberia ele? Ainda, nesta linha, de Jean-François Bouchard, “O banqueiro de Hitler”, a propósito de Hjalmar Schacht e os segredos da banca que são iguais em todos os tempos.
Os tempos são de discussão em volta da justiça, dai a recomendação do livro de Daniel Proença de Carvalho, “Justiça, política e comunicação social”, onde deixa as suas reflexões, explica certas motivações e faz a síntese do problema.
Pese embora ser uma escolha subjetiva, penso que reúne um pouco dos temas que podiam ser necessários estudar, de forma a poderem preparar-se os próximos exames. Afinal, vivemos momentos que exigem pessoas preparadas intelectualmente de forma a saberem interpretar a ideia de Mark Twain quando nos lembrava que “uma mentira pode dar a volta ao Mundo no tempo que a verdade demora a calçar os sapatos”.