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Estamos em tempo de férias e com ele chegam os momentos de lazer e a leitura física ou em digital de bons livros.
A leitura que podemos fazer deve ajudar-nos a refrescar a mente e a possibilitar a descontração intelectual de acordo com as nossas tendências e sensibilidades.
Nestes tempos do efémero e do instantâneo a reflexão da leitura permite, muitas vezes, encontrar respostas para vários problemas que parecem não ter solução, deixando um rasto de permanência.
Felizmente, os tipos de escolha são variáveis, desde os romances aos livros de referência, de biografias a livros técnicos há quem escolha os mais variados sítios, seja a sombra ou no sol da praia, para ler.
Claro está que as férias, muitas vezes, requerem livros pouco complexos e mais simples.
Geralmente sugiro para leitura algumas biografias que, devido ao seu volume e dimensão, só são passíveis de uma leitura atenta em tempos de lazer.
Deixo algumas sugestões para leituras de verão com algum grau de exigência que penso, contudo, o leitor poderá avaliar e, eventualmente, escolher de uma forma mais crítica e atenta.
Nas biografias destaco a “Chanceler - a notável odisseia de Angela Merkel” sobre a última mulher chanceler da Alemanha e tão conhecida de todos nós. “Hannah Arendt” é outra biografia sobre uma mulher que lutou numa Alemanha nazi e cobriu o julgamento, em Israel, de Adolf Eichmann, onde mostrou ao Mundo a banalidade do mal. Próximo de nós, “Emílio Rui Vilar” com memórias sobre dois regimes ou o “Príncipe da democracia” sobre esse genuíno liberal que foi Francisco Lucas Pires, “Memórias minhas”, sobre Manuel Alegre, o poeta de Abril ou o “Antes que me esqueça”, do diplomata Seixas da Costa. São seis livros que revelam seis maneiras de ver o Mundo pelos olhos de seis personagens únicas.
De outro género, saliento “Maniac”, de Benjamin Labatut, uma história sobre vários matemáticos e um desafiante “A próxima vaga”, de Mustafa Suleyman que nos traz os mistérios da inteligência artificial como o grande poder e desafio do século XXI.
Sobre uma matéria que nos preocupa a todos e motiva muitos discursos populistas inquietantes, “Nós os refugiados”, de Hannah Arendt, e “Para lá dos direitos do homem”, de Giorgio Agamben, “Gabo e Mercedes”, de Rodrigo Garcia sobre os últimos dias de Gabriel García Márquez ou a “Faca”, de Salman Rushdie, em forma de meditações na sequência de uma tentativa de homicídio. Finalmente, para fechar, “As estações da vida”, de Agustina Bessa-Luís, com um prefácio de António Barreto, e um Milan Kundera de alerta com “Um Ocidente sequestrado ou a tragédia da Europa Central”.
Qualquer um destes livros traz consigo uma história com várias histórias e ao contrário dos amores da areia não acabam no verão.