Coletivamente, define-nos um certo pessimismo português. Essa disposição impede muitas vezes uma leitura racional dos factos e tende a desvalorizar sinais de esperança que nos podem orientar e animar.
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Tenho aqui chamado a atenção para o facto gritante de o Norte ser o motor económico e exportador do país e, paradoxalmente, também a região portuguesa com menor rendimento per capita, e de como isso está a tolher fortemente o crescimento do todo nacional e a nossa convergência com a Europa.
Hoje, porém, entendo ser de assinalar três sinais encorajadores a Norte e esperançosos do país.
1. Na última década, o Norte realizou uma evolução notável nos seus níveis educacionais, sobretudo na escolarização dos mais jovens, contribuindo decisivamente para a melhoria dos resultados nacionais. O papel dos fundos europeus foi determinante nessa mudança estrutural, que capacita o Norte para uma produtividade superior e serve de elevador de melhores condições de vida à sua população.
O Norte regista hoje uma taxa de abandono precoce de educação e formação, no grupo etário de 18-24 anos, melhor que a média nacional, tendo cumprido a meta de 10% definida para 2020. Meta considerada há uma década como especialmente "difícil" e "exigente" e que foi atingida em paralelo com a meta dos 40% de taxa de escolaridade no Ensino Superior, no escalão 30-40 anos.
2. De acordo com a Comissão Europeia, o Norte aproximou-se, também na última década, do nível médio de inovação da União. É agora a centésima região mais inovadora da comunidade, entre as 238 regiões, e a segunda mais inovadora de Portugal, imediatamente a seguir à Área Metropolitana de Lisboa. O Norte foi classificado pela primeira vez como "Inovador Forte-", a melhor classificação de sempre.
3. Também nos últimos 10 anos, o perfil industrial do Norte tem-se reposicionado e evoluído tecnologicamente, com ganhos de produtividade. Estamos progressivamente a trocar bens de baixa tecnologia por produtos de média e alta tecnologia, mais diferenciados e mais bem remunerados. O ranking dos 20 produtos mais importantes do Norte é liderado pelas exportações de componentes automóveis de média e alta tecnologia, evidência de uma especialização e upgrade tecnológico relevantes.
Estou certo de que uma maior autonomia de planeamento e decisão mais próxima desta realidade regional, sustentada na reforma descentralizadora do Estado que aproxime as políticas dos problemas e os instrumentos dos cidadãos, far-nos-á agarrar um futuro de desenvolvimento social e económico, convertendo estes sinais de esperança em efetivas mudanças.
*Presidente da CCDR-N