No país do penalty pe(r)dem-se medalhas
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Até ao momento, Portugal ganhou apenas uma medalha nos Jogos Olímpicos. No entanto, num país que ignora e desvaloriza centenas de modalidades desportivas, participar a tão grande nível é uma enorme vitória.
Há uma falta gritante de cultura desportiva. Um Portugal que pouco acredita na importância do desporto e pouco nele investe, apesar de o sabermos decisivo para a promoção do bem-estar físico e mental, sinónimos de saúde e qualidade de vida.
Os nossos atletas lidam com condições desoladoras que dificultam o sucesso. Por exemplo, no Ensino Superior, a prática desportiva geralmente é vista como um obstáculo ao desempenho académico, havendo muita falta de compreensão com os estudantes-atletas. O estatuto existente é insuficiente e abundam as mentalidades retrógradas.
O excesso de carga horária é um grande entrave à prática desportiva de excelência. Portugal está entre os países europeus com valores mais elevados de carga horária. 21 horas de aulas semanais, o que contrasta com as médias de 14 horas do Reino Unido e as 10 horas da Suécia. Um universitário gasta cerca de 46 horas semanais em atividades letivas e de estudo. São jovens que, para além dos estudos, têm treinos, alguns bi-diários, e momentos de competição. Chegam diariamente tarde a casa e a prática desportiva exclusiva não é uma opção.
Por isso, valorize-se verdadeiramente o desporto. Criem-se as condições para que estes jovens possam singrar e representar Portugal. Enquanto continuarmos a ser o país do penalty, não podemos ficar surpreendidos pela ausência de medalhas.