No Parlamento discursou-se em “desumanês”!
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Uma fortíssima contestação emergiu da divulgação de nomes de uma escola em Lisboa (não identificada), frequentada por alunos de outros países, entre os quais do subcontinente asiático, não se dando nota de países europeus (França e Alemanha, por exemplo), muito provavelmente uma unidade orgânica da escola pública (farta de levar tareia!).
Perdeu-se o respeito na Assembleia da República (AR) pelo ser humano, e em particular pelos mais inocentes de todos, as crianças, cujos nomes foram proferidos, à falsa fé, introduzindo-se menores numa guerra sem trincheiras e desprovida de vergonha.
A AR passou a ser uma extensão das redes sociais, onde se destila vileza, hostilidade, e a desumanidade prolifera gratuitamente, só porque sim, eclipsando valores como a proteção dos mais jovens, e o respeito pelo outro, muito pela ação de alguns dos seus frequentadores e por quem preside às respetivas reuniões plenárias, incluindo os desorientados vice-presidentes, que permitiram que se assistisse a um “discurso de ódio a crianças” no Parlamento, perante a cumplicidade de todos os que respaldaram, também pela inação, as intervenções injuriosas.
É verdade que existem turmas completas de alunos estrangeiros nas escolas públicas, mas também privadas, e muitas outras com mais alunos filhos de imigrantes do que nacionais. É um facto indesmentível que deverá ser encarado como um desafio, mais um, da escola e que merece toda a atenção dos excelentes profissionais e promove, amiúde, reflexões.
Que repercussões terão as declarações afrontosas proferidas na passada sexta-feira, na casa da democracia?
Foram inúmeros os relatos de indignação, incendiados pela barbárie testemunhada, e que necessitará de ser esclarecida e desmontada, levando possivelmente o debate para as escolas no próximo ano letivo.
“Isto não é a sua casa” - foi a expressão usada várias vezes pelo deputado promotor da contenda, virado para os seus colegas, para, de seguida, recuperando o fôlego, continuar a enumerar mais nomes de crianças. A casa que deveria ser de todos nós foi fortemente abalada, mais uma vez, pelos representantes de muitos de nós.
É perigoso alimentar o fogo com torpeza, pois todos sairão queimados; pena é que por arrasto os mais indefesos fiquem marcados pelo estigma, doloroso e insensível, por não terem sido resguardados e estimados.
Tal ignomínia permite dizer “perdoai-os, porque eles não sabem o que fazem!”