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Para o Norte, a tal região industrial e exportadora, a centralidade das transições digital e ambiental é inquestionável, bem como dos processos de inovação que lhe estão associados. Catapultar a região com base nestes desafios, reforçando a sua afirmação internacional, exige uma aposta dual: no robustecimento do seu tecido produtivo com massa crítica; e na promoção de setores emergentes de grande valor acrescentado. Neste racional, o Norte tem vindo a posicionar-se no setor aeroespacial com iniciativas da sua CCDR, que tendo vindo a preparar com o Pt Space as bases de uma estratégia regional para o espaço, bem como de importantes desenvolvimentos de agentes públicos e privados. A UMinho tem em funcionamento uma licenciatura e um mestrado específicos para setor e a UPorto também tem atividade relevante neste domínio, permitindo antever uma capacidade regional de formação de especialistas de alta qualidade. Acresce que entidades de I&D ligadas a estas universidades, como o INESC TEC, o INEGI e o PIEP, desenvolvem atividade meritória neste domínio, incluindo projetos com a Agência Espacial Europeia (ESA) ou a Airbus e outras empresas de referência internacional. O CEiiA criou um importante centro de desenvolvimento para o setor, posicionando-se no mercado internacional da engenharia espacial, lidera a agenda mobilizadora do PRR do espaço e é âncora da atividade da Geosat na Região - responsável pela constelação nacional de satélites. Várias empresas da região têm vindo a dedicar crescente atenção ao setor, diretamente ou através de spin-offs, como são os casos da Corticeira Amorim, da Frezite ou da Efacec.
Este metabolismo tem aumentado a atratividade da região, levando à fixação de empresas estrangeiras do setor no Grande Porto. Novos desenvolvimentos estão anunciados, nomeadamente pela Câmara de Guimarães que, conjuntamente com a UMinho, construirá na cidade um grande complexo para acolher cursos de formação superior e atividade de investigação aeroespacial.
Cada vez mais monitorizaremos a Terra, a partir do seu espaço sideral, para questões ambientais, de gestão florestal ou controlo ambiental. Cada vez mais, será generalizada a utilização de comunicações com recurso a satélites, para redes públicas ou privadas. Cada vez mais, assistiremos a uma democratização do acesso ao espaço com a multiplicação de soluções de lançadores e de diferentes tipos de satélites e de outros dispositivos. A produção de componentes e de software para estes equipamentos, bem como a valorização da informação por eles produzida, cria oportunidades que Portugal e o seu Norte industrial devem querer e saber aproveitar. A CCDR Norte, IP, estará empenhada na indispensável concertação de atores em torno deste objetivo.