Um novo ano é sempre um tempo de esperança e 2022 entra com óbvios e numéricos ventos de mudança. A pandemia acelera, a análise estatística diária relativa à covid continua, mas agora dando-nos a segurança que estamos quase lá, no novo normal.
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Já politicamente, os números das sondagens trazem uma incerteza, positiva, que faz o "otimismo irritante" de António Costa substituir-se por um crescendo de dúvidas que contagiam e alastram pelo Largo do Rato. E, diga-se, não é para menos.
A dissolução da Assembleia da República e a instabilidade política têm um maior culpado, o PS. Numa jogada palaciana, os spin doctors do Governo acharam que aproveitar as eleições internas do PSD seria um ótimo momento para fabricar uma crise, forçar eleições e conquistar uma maioria absoluta. O excesso de House of Cards prova-se mau conselheiro e o pedido de maioria absoluta de Costa, de tão desfasado da realidade, quase honra a Britcom.
António Costa é um político hábil, dizem. Habilidoso, digo eu. O primeiro-ministro conseguiu demasiado tempo mascarar de confiança o que não eram mais do que palpites, disfarçou em propaganda toda uma ausência de projeto e confundiu ambição com sonhos cor-de-rosa. Nada é concreto, nada é mensurável e pouco se transforma em real. Diz-nos que o rendimento das famílias cresceu 25%, o "Polígrafo" diz que é falso. Aumenta os salários mínimos, mas taxa os combustíveis como produtos de luxo. Bate no peito pelo serviço nacional de saúde, mas, de norte a sul, os despedimentos das estruturas médicas responsáveis fazem notícia. António Costa gere o país como fiel discípulo de Lavoisier, nada cria, nada perde, mas tudo transforma, deixando o país exatamente na mesma, parado e cada vez mais distante dos nossos congéneres europeus.
A verdade é que nada do que escrevo neste artigo é surpreendente, a governação de Costa está à vista de todos e, como na fábula, também as sondagens começam a gritar: "O rei vai nu!".
*Engenheiro e autarca do PSD