Corpo do artigo
Esta semana, foi referido que “há números enganadores” quanto à (in)capacidade de Portugal reter os jovens diplomados. De facto, nos últimos anos houve uma média anual de mais 70 mil licenciados a residir em Portugal e apenas 50 mil jovens das instituições de Ensino Superior portuguesas concluíram os estudos.
À primeira vista, Portugal não só não tem um problema de retenção de talento como também tem a capacidade de o atrair. O grande detalhe é que, de acordo com o INE, metade dos 70 mil licenciados têm idade superior a 65 anos, ou seja, Portugal tem a capacidade de atrair reformados que escolhem o nosso país para descansar e aproveitar o nosso maravilhoso clima. Contudo, estes não contribuem para a inovação e desenvolvimento do país, ao contrário do que acontece com os jovens recém-licenciados.
O problema existe, é real e tem rostos. Os jovens altamente qualificados continuam a emigrar, cerca de 15 mil por ano, o que faz juz à realidade que vivemos com uma grave crise na habitação e remunerações muito abaixo da média europeia. O número de diplomados a entrar no nosso país até pode aumentar, mas a verdade é que a emigração jovem continua a existir por falta de oportunidades para criarmos um próprio projeto de vida no nosso país. Portugal tem, sem dúvida, dificuldade em reter talento, e ser um “recetor líquido de diplomados” não está a travar o cerne da questão.
A verdade é a seguinte: se os reformados ocupam uma fração significativa desse bolo de licenciados, então, o problema existe e estamos mesmo a exportar o talento que formamos com o dinheiro dos nossos impostos.