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Nesta altura do ano é sempre o momento mais apropriado para se fazer um balanço dos acontecimentos mais marcantes e que irão fazer parte da história.
O ano de 2024 não foge a esta regra. Desde logo porque trouxe receios que se transformaram em verdades. A estabilidade parlamentar, em Portugal, acabou e Donald Trump deixou de ser uma mera hipótese para ser uma certeza presidencial.
No plano nacional, as eleições antecipadas, no continente e na Madeira, provocaram o fim da sempre esperada e desejada estabilidade política trazendo um governo minoritário do PSD e uma novidade robusta à Direita. O Chega impõe-se com 50 deputados, um número demasiado expressivo para condicionar toda a agenda parlamentar.
Ultrapassada a etapa do Orçamento e graças aos prazos constitucionais, o Governo de Luís Montenegro ganhou um novo fôlego que lhe pode dar alguma vida se as eleições autárquicas e presidenciais entretanto não o consumirem. Contudo, na cena política nacional estão evidentes as contradições entre os dois partidos fundadores do sistema político - PSD e PS -, bem como com os restantes partidos constituintes do mesmo sistema - PCP e CDS - perante o mais recente partido: o populista Chega. Com uma agenda política destruidora, assente numa lógica de demagogia, e que desgasta o modo de estar na política dos restantes partidos
Outro facto marcante foi, no plano internacional, a eleição de Donald Trump para presidente dos EUA e o final desastroso do mandato de Joe Biden.
Neste domínio, Biden não soube sair a tempo e quando fez essa opção prejudicou a campanha democrata e terminou da pior maneira ao indultar o filho de algumas penas por ter, alegadamente, cometido crimes. A democracia americana não merecia isto. De novo vai ser posta à prova para mais um mandato presidencial com Trump.
O novo quadro político na União Europeia, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, Israel na Faixa de Gaza ou o fim do regime de Bashar al-Assad, na Síria, deixam à evidência as dúvidas e os desafios de uma nova ordem internacional para a geopolítica e a geoestratégia das relações internacionais.
O tempo final deste 2024 parece consagrar os princípios que Orwell previa, no seu livro 1984, o tempo de um Grande Irmão que a todos observava. Esse Big Brother chegou mesmo, seja como redes sociais seja numa outra forma digital.
Curiosamente, o ano despede-se com o desaparecimento de Jimmy Carter, o presidente americano que viveu até aos cem e nos deixou um legado, depois de sair do cargo, assente na defesa dos direitos humanos nos valores democráticos.
Bom ano de 2025.