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Portugal ganhou mais um cardeal para o conclave que irá escolher o sucessor de Francisco. D. Américo Aguiar assumiu esse importante lugar na hierarquia da Igreja Católica e no mês de outubro vai entrar na diocese de Setúbal como seu bispo residente. D. Américo Aguiar torna-se assim numa das mais importantes figuras contemporâneas da Igreja portuguesa assumindo um papel de relevo para a condução dos destinos e nos desafios que vão ter de enfrentar na próxima década.
A pretexto da Jornada Mundial da Juventude, o Papa Francisco elevou Américo Aguiar a cardeal e fê-lo bispo de Setúbal tornando-o num digno sucessor de D. Manuel Martins. Ambos são de Leça do Balio e protagonizam uma Igreja inclusiva dos pobres e dos que nela se desejam acolher.
Conheço muito bem D. Américo Aguiar, com quem tive o prazer de trabalhar mais de uma década, partilhar ideias e sempre a arriscar na transformação do sonho em realidade. Ambos acompanhamos o exercício de D. Manuel Clemente e de D. António Francisco dos Santos onde ele soube aprender a ser atento no exercício da sua função, cáustico no seu sentido de humor, genuíno com os seus amigos, a ter a capacidade de perdoar a quem o tinha ofendido e a saber conduzir o seu rebanho como um diligente pastor.
Alguns acusam-no de ter pouca profundidade no seu pensamento, como doutor da Igreja, esquecendo-se que ele fez sempre da transformação da mensagem do Evangelho o seu programa de conquista do outro. Conhece, como poucos, a vida dos pobres, sabe interpretar o seu sentimento de revolta sempre com uma palavra de esperança.
Teve consigo, no último fim de semana em Roma, desde o cidadão anónimo até ao político mais importante, passando por pessoas das mais variadas áreas da sociedade civil. Conquistou o respeito dos seus pares independentemente da sua juventude e do recente sucesso na JMJ. Antes, quer na Santa Casa da Misericórdia do Porto, como seu capelão-mor, responsável do Grupo Renascença ou como juiz-presidente da Irmandade da Torre dos Clérigos tinha mostrado a sua capacidade de produzir trabalho na área da cultura e da comunicação.
D. Américo Aguiar tem o seu destino traçado por muitas coincidências que a vida escolhe para nos surpreender. Ganha um papel de destaque no futuro da Igreja que se vai constituir na próxima década afastados os escândalos dos abusos sexuais e numa nova vivência de atratividade para os leigos. Vai ser bispo onde esteve D. Manuel Martins. Será cardeal D. Américo como foi um antigo bispo do Porto na fase final da monarquia, mas continuará sempre o nosso padre Américo como o outro que ajudou a fazer a Casa do Gaiato.
Com D. Américo Aguiar fica o nosso desejo de um grande e profícuo mandato episcopal porque os portugueses precisam de um português assim: genuíno, amigo e disponível para ajudar.
Boa sorte!