Ao longo das últimas semanas tem estado a decorrer, em vários pontos do país, o congresso da Sedes numa altura em que a instituição celebra 50 anos de existência.
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Criada, em 1972, em plena primavera marcelista como embrião de um futuro partido político a Sedes tem conseguido, ao longo deste tempo, saber federar o pensamento estratégico e uma ideia, com visão, para o futuro de Portugal.
Souberam discutir a ideia europeia quando era inevitável o fim do regime e da sua opção africana. Souberam atravessar o período revolucionário em curso e do seu âmbito saíram muito dos quadros que têm assumido funções de responsabilidade no regime democrático.
Agora, numa nova fase da vida política portuguesa e num momento de crise a Sedes tem sabido fazer uso daquele que é o seu ADN fundador. Encontrar pessoas, fazer convergir ideias, construir pontes, desenvolver políticas públicas e concertar o interesse nacional.
Daí o sentido e a oportunidade do V Congresso da Sedes ao juntar tecnocratas, políticos, académicos e empresários das mais variadas áreas políticas. O que pretende então toda esta gente?
Alertar os partidos políticos do arco da governação responsável, os que aceitam os compromissos internacionais de Portugal, para a necessidade de trabalharem a sua formação política e saberem promover o debate de ideias que ajude a fazer as políticas públicas que são necessárias ao país.
Hoje, os partidos políticos não são atraentes porque não compreendem essa necessidade. Preocupam-se mais com as conquistas efémeras de pequenos poderes. Daí a sua constante falta de preparação para os problemas concretos do país real. Falta aos partidos políticos espaço para desenvolver pensamento e continuam ainda com a distribuição territorial assente em princípios geográficos que os próprios terminaram quando aboliram com os governos civis.
Os resultados são evidentes e preocupantes. Portugal não cresce e tem sido sucessivamente ultrapassado na União Europeia.
A Sedes dá, mais uma vez, um modesto mas decisivo contributo para que seja possível existir pensamento estratégico não comprometido com interesses privados ou com meras táticas políticas.
Álvaro Beleza deixa aqui um exemplo do que é possível fazer nesse tal sentido de responsabilidade cívica e de empenho político de tolerância no debate das ideias.
Esperamos que a Sedes agora esteja mais presente e ajude os decisores políticos a fazer melhor com menos.
Os tempos eleitorais que se avizinham a isso obrigam. Os novos tempos da política internacional e os seus desafios isso exigem.
*Professor universitário de Ciência Política