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Na União Europeia, está estabelecida a meta de 55% para o número de alunos do Secundário a frequentar o ensino profissional. Alcançar esta meta é importante porque assim se garante a existência de uma gama de cursos, profissionais e científico-humanísticos, que responde melhor à diversidade de expectativas dos jovens, que hoje cumprem a escolaridade obrigatória até aos 18 anos.
Os resultados de vários estudos revelam que, em Portugal, são cerca de 40%, um pouco mais de 110 mil, os jovens que escolheram os cursos profissionais no secundário. Ainda não atingimos a meta europeia, mas o progresso é muito relevante. Há cerca de 20 anos, o ensino profissional era residual. Muitos jovens que pretendiam seguir essa via de ensino não tinham oferta de cursos profissionais nas escolas públicas.
É verdade que existe ainda um estigma sobre o ensino profissional, considerado por alguns como uma segunda escolha destinada a alunos sem recursos económicos ou que não gostam de estudar. Porém, há muitos bons exemplos de cursos profissionais atrativos, com elevados níveis de sucesso escolar e de empregabilidade, em áreas tecnológicas, artísticas e de prestação de serviços. Há muitos bons exemplos de jovens que encontraram nos cursos profissionais o seu espaço de realização escolar, pessoal e profissional.
Para ultrapassar o estigma que ainda existe, é necessário continuar a apostar em duas frentes. Em primeiro lugar, garantindo a qualidade e relevância dos cursos profissionais, sobretudo nas escolas públicas. Exigência nos cursos que se oferecem, nos espaços em que são ministrados, no equipamento e nos professores mobilizados para o ensino, com as entidades em que se realizam os estágios e com as provas de aptidão profissional.
Em segundo lugar, continuar a melhorar os mecanismos que permitem o prosseguimento de estudos no Ensino Superior, seja nos politécnicos ou nas universidades. Hoje sabemos que os empregos do futuro vão exigir, pelo menos, o nível médio de qualificação. Os jovens que frequentam ou escolhem o ensino profissional hoje, mesmo que atraídos no imediato pelo mercado de trabalho, devem saber que têm possibilidades de continuar a estudar no Ensino Superior, se e quando o decidam fazer. O mercado de trabalho, mais tarde ou mais cedo, vai exigir-lhes atualização das suas qualificações. As instituições de Ensino Superior devem, pois, proporcionar oportunidades de prosseguimento de estudos e formação aos estudantes que escolheram a via profissional.