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O debate do estado da nação mereceu do Parlamento toda a atenção. De um lado, um Governo a mostrar os seus aparentes sucessos económicos e, do outro, uma Oposição errante e em perfeito estado de negação.
O Governo apresentou-se com pouca obra feita, nenhuma grande reforma concretizada e sem grande chama. A exceção foi o primeiro-ministro, que acabou por conseguir ganhar o debate em várias frentes e se apresenta como o seguro de vida da situação.
A Oposição apresentou-se contraditória, sem conseguir ter uma linha de coerência no ataque ao Governo. Neste domínio, o PSD não conseguiu beliscar questões como a educação, nunca como agora o ensino particular e cooperativo ganhou tanta expressão, a saúde, onde o SNS vive uma crise profunda, ou na habitação, onde parece ainda não chegou o 25 de Abril.
Como pano de fundo, a pairar nas cabeças de todos, estavam as questões motivadas pela justiça, que tarda a compreender as evoluções do Mundo. Desconhece a psicologia das organizações e esquece a sociologia da nação. O desenvolvimento da economia exige que as suas taxas de crescimento assentem em pressupostos reais e não na manipulação das estatísticas.
O Governo chegou a este estado da nação desgastado, tal como o PS, cuja maioria absoluta já não tem expressão na vontade popular. O relatório TAP reflete esta degradação institucional, contudo as sondagens parecem apontar que não existe ainda uma Oposição confiante para governar. Os conflitos laborais, as greves, continuam na Função Pública e nas empresas públicas, com a consequente degradação dos serviços. Aqueles que dependem do Orçamento de Estado reclamam na rua para condicionar o processo de decisão.
Entretanto, o presidente da República mantém os sinais críticos à maioria governamental e decidiu terminar o ano político convocando o Conselho de Estado. Dele ficamos a saber que vai existir uma segunda parte, no regresso das férias. E que para o primeiro-ministro é mais importante viajar para a Nova Zelândia. Esta saída antecipada do Conselho evidência a importância com que o primeiro-ministro encara os problemas nacionais. Tem razão, por que todo o jogo político lhe corre de feição. Graças à paralisação do PSD, tem tempo para entrar e sair de cena. Tem tempo para se concentrar na preparação do próximo orçamento para 2024, para preparar a substituição da PGR e avaliar o seu futuro destino.