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A minha geração já é a primeira a viver pior do que a anterior. Não sou eu que o digo, o número 30 é a confirmação desse facto.
Em 2011, um jovem entre os 25 e os 34 anos, com um curso superior, recebia, em média,1570 euros. Em 2022, esse valor diminuiu para 1359 euros. Há cada vez mais licenciados e mestres, mas tendo em conta a taxa de inflação, esta diminuição no salário nominal representa uma perda de 30% do poder de compra dos jovens, isto é, uma perda de qualidade de vida. Assim, para mantermos o poder de compra de 2011, o salário deveria ter evoluído para 1900 euros. A diminuição no poder de compra impede, por isso, a emancipação dos jovens portugueses, que, em média, deixam a casa dos pais aos 30 anos.
Iniciar um próprio projeto de vida torna-se cada vez mais difícil para nós, jovens, com a renda de um T1 no Porto a superar, facilmente, o salário de um jovem graduado. Somos, por esses mesmos motivos, muitas vezes obrigados a emigrar em busca de melhores oportunidades. Mais uma vez, 30% dos jovens portugueses trabalham no estrangeiro e, de acordo com o mais recente inquérito realizado pela Federação Académica do Porto, 50% dos estudantes pondera deixar o país, com os números a atingir os 65% na área das ciências e tecnologias.
Nos últimos anos, emigraram cerca de 20 mil jovens anualmente, o que representa um impacto financeiro negativo de, pelo menos, 18 mil milhões de euros para Portugal. A emigração qualificada é negativa não apenas do ponto de vista pessoal, mas também representa um verdadeiro suicídio económico para o país.
O número 30 é, portanto, o triste fado dos jovens portugueses.