Corpo do artigo
À medida que os problemas políticos nacionais mais complexos, como o Orçamento, parecem estar em condições de ser ultrapassados, chegam à agenda novos temas, como as eleições autárquicas e as presidenciais.
Neste caso torna-se necessário começar a pensar e a definir o perfil dos candidatos à mais importante função do Estado.
À Direita, Luís Marques Mendes deu o pontapé de saída. Não foi só pela sua habitual presença no Congresso do PSD, em Braga, mas pelo facto de que o seu caminho tem vindo a afirmar-se sem grandes concorrentes no espaço político do centro-direita. Os outros putativos candidatos estão, para já, sem iniciativa política. Pedro Santana Lopes foi logo a correr dizer presente, mas não recolheu entusiástica simpatia.
O almirante Gouveia e Melo, por questões evidentes, parece estar hesitante e Paulo Portas não evidencia condições. Marques Mendes está, assim, a reunir as condições para poder emergir como o candidato de uma Direita preocupada com a credibilidade das instituições, defensora do Estado social e da livre iniciativa na economia.
A Esquerda continua com muitas dúvidas. Mário Centeno pode ter uma oportunidade porque consegue falar ao eleitorado do centro. O resto são nomes que ainda sonham, em pleno século XXI, com a herança do PREC.
Contudo, as eleições mais próximas serão as autárquicas que vão exigir a escolha de perfis que respondam aos anseios das populações.
No Porto, o Partido Socialista parece reduzir essa escolha a três candidatos. Uma com o sempre disponível Manuel Pizarro. Outra com o aspirante a líder José Luís Carneiro. Finalmente, Fernando Araújo, independente que costuma estar identificado com o PS. Oportunidade para o PS voltar a conquistar uma Câmara que perdeu há quase 24 anos, se souber resolver a escolha do perfil.
À Direita, a situação parece estar ainda mais confusa. De um lado, as ambições de dois independentes. Filipe Araújo, pelo movimento de Rui Moreira, e António Araújo, que pretende recriar um outro movimento não alinhado. Qualquer um destes movimentos não terá, por si só, hipótese de ganhar a autarquia e poderá só ajudar o PS a vencer.
Ao PSD compete saber aglutinar a sociedade civil, integrando esses movimentos, e promover uma coligação com o CDS e a IL que permita voltar à liderança da cidade. Pedro Duarte tem aqui uma dupla tarefa. Por um lado, como presidente da Distrital e, por outro, como putativo candidato. Ele terá de decidir, logo a seguir à aprovação do Orçamento, se quer ser o candidato à Câmara do Porto. A sua hesitação poderá ser fatal para um qualquer “plano B” que venha a ter de surgir. A cidade tem muita gente que, oriunda da área do PSD, poderá dar a garantia suficiente de dedicação e de capacidade política de inovar. A ver vamos.