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Com uma indesejada rapidez, Portugal mergulhou nas segundas eleições legislativas num ano. Passada a fase da expiação das culpas, e findo o cerimonial festivo das campanhas, chegamos ao momento decisivo: a votação. Nenhuma eleição é mais importante do que outra, mas as três idas às urnas que nos esperam em nove meses (legislativas, autárquicas e presidenciais) podem representar um perigo para a saturação do eleitorado. E por isso é seguro dizermos que o sufrágio de amanhã encerra essa importância acrescida, porque pode permitir não apenas clarificar o equilíbrio de forças parlamentares – e consequente modelo de governação – mas também porque, simbolicamente, marca o arranque de uma longa jornada de guerrilha político-partidária.
Ainda assim, não há melhor forma de nos fazermos ouvir, beneficiando do poder transformador e libertador da cruz (no boletim). Uma sociedade que não participa nas decisões coletivas é um projeto defeituoso, por mais que nos agitem as bandeiras do descontentamento e cansaço sistémicos. O voto é a forma mais poderosa de evolução democrática.
Os sinais dados pelo eleitorado nas legislativas de 2024 foram positivos: desde 2019 que a abstenção tem recuado. De 51,4% nesse ano, para 48,6% em 2022 e 40,2% em 2024. Continua a ser um tremendo exército de desistentes, não nos iludamos. Mas vejamos o copo meio cheio: mesmo que, nesta campanha, se tenha debatido muito pouco sobre as coisas que realmente importam a Portugal, não faltam partidos nem projetos à disposição dos cidadãos. Por isso não resista ao poder da cruz. Vote. Por si. Por todos.