Aproxima-se a campanha eleitoral para as autarquias locais. Acaba por ser o momento com maior impacto político na vida das nossas comunidades que ultrapassa mesmo a capacidade mobilizadora dos partidos políticos.
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São eleições que motivam, muitas vezes, em movimentos independentes, a participação dos cidadãos. Estas eleições vão trazer duas grandes novidades. Uma, a dúvida sobre a real capacidade de implementação do Chega. A outra, o lançamento para as bases de um debate para um novo modelo de gestão do território.
Quando olhamos para a Câmara Municipal do Porto, vemos uma variedade de candidatos, uns apoiados por partidos políticos e outros por movimentos de cidadãos. Poderia existir aqui um debate de grandes propostas que justificasse estas múltiplas candidaturas? A esta pergunta, a resposta será negativa.
Das candidaturas apresentadas temos três tipos. As que vão contar, as que vão influenciar e as que só vão tentar concorrer. Significa isto que existe uma questão para responder. Porque e para quê querem ser presidente da Câmara do Porto?
Três temas parecem querer dominar a campanha. Mobilidade, habitação e segurança. Sinais dos tempos! Parece acima de tudo ser uma preocupação conjuntural. As questões estruturais, porque mais complexas, acabam por ficar escondidas. Nestas avulta algo que também tem a ver com o ADN da nossa cidade. Uma cidade com instituições da sociedade civil fortes. Temos uma Associação Comercial, uma Associação Empresarial, clubes desportivos, instituições de solidariedade social e cultural, entre muitas que poderíamos enunciar.
Então, porque é que a voz do Porto não se ouve, em Lisboa, na questão do dilema VCI/CREP, no aeroporto ou no Porto de Douro e Leixões? Porque é que a Área Metropolitana está reduzida à sua expressão mais simples ou a CCDR-N se transformou num balcão de quadros comunitários? A resposta talvez seja que o Porto deixou, por falta de protagonistas, de querer liderar esta região do Norte e não acompanha a influência da grande área metropolitana entre Braga e Aveiro na pujança da sua economia.
Fica um desafio ao próximo presidente da Câmara do Porto. Não tenha uma agenda pessoal escondida onde o Porto possa ser um trampolim para outros lugares. O Porto precisa de um candidato a presidente da Câmara que seja sincero com a cidade e a região. Consiga devolver o orgulho de ser do Porto. Carago!
Em 12 de outubro, o portuense tem a oportunidade de saber escolher entre quem privilegia o rigor à circunstância, quem esqueça a demagogia e eleja a proximidade numa visão cosmopolita do Porto. Para garantir a governança da cidade será importante que todos votem no Porto que queremos para o futuro.