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Os rankings das escolas secundárias limitam-se a ser uma espécie de competição entre o ensino público e o privado, onde o vencedor é demasiado previsível.
No deste ano, não há nenhuma surpresa. Os colégios voltam a liderar. No ranking elaborado pelo JN tendo como base os dados fornecidos pelo Ministério de Educação, as escolas privadas ocupam as primeiras 34 posições da tabela. Mas dominam até ao 50.o lugar. Estão localizadas nos grandes centros urbanos e quase todas no litoral. Também sem novidade. Num terço, mais de metade das classificações internas situam-se nos 19 e 20 valores. Na análise que o JN publica esta quinta-feira, conclui-se que em cem colégios, 21% das notas atribuídas são de 20. “Muito alunos estão a comprar o acesso ao Ensino Superior”, dizem especialistas.
Estes são, de facto, os dados que importam. Mostram o país real. Desigual e sem problemas em o ser. As intenções para penalizar as escolas que inflacionam notas não passam disso mesmo, intenções.
O principal objetivo de um ranking sobre o Ensino Secundário devia ser o de melhorar o próprio sistema, servir para lançar novas práticas e novos métodos de ensino. Acontece que estes estudos existem desde 2001 e as melhorias não saltam propriamente à vista.
Nas escolas públicas, o ranking não é um tema de debate transversal. A falta de professores, a falta de condições físicas e tecnológicas, a disciplina ou ausência dela, programas desajustados, entre outros problemas, são a realidade de docentes, alunos e pais.
Os rankings mostram que a educação em Portugal é desigual e favorece os mais ricos.