Corpo do artigo
Aproxima-se o tempo das decisões para a escolha dos candidatos às próximas eleições autárquicas. Em Lisboa está, mais ou menos, já indiciado o cenário de disputa pela Câmara da capital. De um lado, Carlos Moedas e do outro, Alexandra Leitão. PSD e PS coligados nas formas habituais vão disputar a gestão da capital sem esquecer os grandes problemas que se colocam na agenda política. Questões como a segurança e os imigrantes estarão na ordem do dia, em Lisboa, em volta de discursos radicais. Será uma campanha muito condicionada pelos ventos que sopram do outro lado do Atlântico desde a tomada de posse de Donald Trump.
Nesse entretanto, sabemos que nem só de Lisboa viverá o país. Coimbra, Braga, Setúbal ou o Porto serão outras cidades a considerar porque, como capitais de distrito, podem valer uma vitória eleitoral.
No Porto, como de costume, deve sair a solução mais inovadora. O Partido Socialista já escolheu Manuel Pizarro, que se fez à estrada. O PSD hesita entre o seu próprio candidato, provavelmente Pedro Duarte, e ir numa coligação com o Movimento de Rui Moreira. Pelo meio, aparecem outros candidatos a candidatos a fazer prova de vida. A cidade do Porto tem, neste domínio, uma experiência muito interessante, já que foi a pioneira nas candidaturas independentes com vocação vencedora.
Certo é que tendo de gerir um Governo sem uma maioria parlamentar mínima, o PSD deverá ter os necessários cuidados para poder liderar uma candidatura ao Porto de perfil vencedor e agregadora. Será inevitavelmente um grande desafio para o próprio líder e, também, para o seu natural eleitorado.
Estamos a viver um tempo de mudança profunda nas relações internacionais e não sabemos até onde esta dinâmica nos poderá conduzir. Sabemos que os discursos das personalidades inspiradas por Deus já estão aí e a capacidade de as redes sociais poderem dominar o espírito crítico dos eleitores é uma realidade.
As próximas eleições autárquicas irão sofrer o condicionamento das eleições presidenciais e o seu resultado ficará ligado ao futuro presidente.
Eleições, em setembro, com uma derrota do partido do Governo e o debate orçamental podem adiar uma inevitável ida às urnas após a eleição do futuro presidente. O Governo ficará até lá sem iniciativa para continuar a sua capacidade de reformar.
Com novos temas para a agenda, as eleições autárquicas deviam merecer mais cuidado na abordagem para a escolha dos candidatos. A mudança provocada pela nova liderança norte-americana vem trazer um novo fôlego aos partidos populistas.
Está a chegar o tempo da decisão e com ele os novos desafios para afirmação dos valores reformistas e humanistas.