O título desta crónica é tomado de empréstimo de um artigo, na revista "Atlantic", ao jornalista norte-americano Derek Thompson. O mérito feliz deste título reside no facto de estarmos, neste momento, em Portugal, a fazer também o nosso teste de civilização.
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Os acontecimentos recentes do 25 de Abril, no Parlamento, aquando da visita do presidente do Brasil, evidenciam o modo como a classe política portuguesa está a dar sinais errados e preocupantes aos cidadãos seus eleitores.
A forma de atuar do Chega e o medo que provoca servem agora para justificar toda a incapacidade política dos restantes agentes. As atitudes de combate ao Chega, com práticas sancionatórias dos seus comportamentos, nada mais revelam do que a contínua falta de um modo como se pode e se deve fazer política numa sociedade digitalizada e que está, cada vez mais, pouco tolerante.
Sejamos claros, o combate ao Chega terá de se fazer elevando o debate político e obrigando o mesmo a discutir políticas concretas e não os casinhos ou amuos de uma geração política que se habituou a ter pouco contacto com as populações e que desconhece quais os seus reais problemas. Os principais problemas das pessoas são, lembramos, o emprego e os baixos salários, a habitação e os fracos serviços públicos que não lhes resolvem o seu dia a dia.
A Comissão de Inquérito à TAP transformou-se num ajuste de contas, no interior do PS, cujas consequências estão à vista.
O facto de se considerar natural faltar à verdade ou mesmo mentir significa que essas atitudes são pouco merecedoras da confiança dos cidadãos.
Todos nós sabemos a necessidade de os discursos em política irem de encontro ao sabor da narrativa dos factos. O PS tem sido um partido com demasiados problemas de cuja inocência devemos todos começar a duvidar. Estamos num tempo de trazer, de novo, a pedagogia dos atos à política, afastando a demagogia dos seus comportamentos.
As instituições sofrem assim um desgaste acelerado que impede a credibilidade, o prestígio e o respeito que as mesmas podiam exigir.
O Mundo está a mudar de uma forma acelerada e, em Portugal, parece que não acontece nada. Essa mudança representa um novo desafio, que só instituições fortes e com ideias convictas podem ajudar a concretizar, permitindo que Portugal desempenhe um papel saliente nessa nova ordem mundial que está a despontar.
Para um governo, com uma maioria absoluta, ficar reduzido só às questões da TAP representa uma esquisita ironia nessa constante procura para encontrar um sentido reformista após uma nacionalização e que agora se deseja voltar a privatizar.
*Professor universitário de Ciência Política