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A maior parte dos adeptos acha que a sua equipa joga sozinha. Nunca há merecimento nos outros, mas apenas mérito e demérito da sua equipa. Isso amplifica-se na imprensa com as vitórias (dos do costume) a serem aduladas até ao paroxismo, ou as suas derrotas a serem imoladas em catástrofe. Nós, no Vitória, estamos fora disso. Respeitamos quem temos pela frente, sem entrar em fanfarronices. O facto de termos espetado três ao atual líder do campeonato suíço, não nos ia fazer ganhar o jogo em Arouca. E isso foi assumido e o resultado veio com inteira justiça, amplificado pela romaria de vitorianos que apoiou a equipa e que existiria mesmo que não tivéssemos arrancado bem.
Destacaria, mais do que o golo, a curta entrevista de Nélson Oliveira. As suas palavras deixaram claro que a felicidade do golo foi possível, sobretudo, pela solidariedade com que foi recebido em Guimarães. Uma equipa, mais do que os milhões que se gastam nos “génios”, vem do ambiente que se sabe criar, dentro do grupo de trabalho e deste com os adeptos. Isso é o melhor do desporto: a superação, o companheirismo, a comunhão entre uma terra e um clube. Daí que o Vitória, uma vez mais, seja a equipa que mais jogadores nacionais faz alinhar na sua equipa principal: nove! Seguido por Casa Pia e Boavista com seis, e todos os outros abaixo da metade. Isto não é relevado pelos media pois nenhum dos clubes do regime tem esse arrojo. Não interessa. Nós sabemos disso e ficamos orgulhosos. Como S. João sabemos que no princípio era o Verbo. O verbo amar, resistir, continuar. Mesmo que, aqui ou ali, a coisa corra mal. Sabemos, sobretudo, quem somos.
*Adepto do V. Guimarães