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Vamos de novo a votos. Desta vez, não há dúvida sobre o motivo pelo qual o iremos fazer. É uma escolha sobre a Europa que queremos e sobre o país que queremos ser na Europa. Não há incertezas. Ao contrário das que se levantaram sobre o último sufrágio.
Portanto, haverá uma espécie de resquício do ato eleitoral de 10 de março que pesará sempre, falta saber quanto, na cruz que faremos no próximo domingo no boletim de voto.
Mas é a Europa que está em causa. A sua composição, a sua política de financiamento, a sua força perante a China e os Estados Unidos, a sua segurança física e digital, a escolha dos seus valores.
No dia a dia, e fruto do desgaste mediático, nem temos plena consciência de que a Europa está em guerra. A mesma Europa que agora comemora 80 anos do desembarque na Normandia, que por mar, ar e terra iniciava a derrota dos nazis.
Os tempos são outros, é verdade. Mas a frase escrita por Anne Frank, em julho de 1944, no seu famoso diário mantém-se atual: "Numa época assim fica tudo difícil: ideais, sonhos e esperanças crescem entre nós, e depois são esmagados...".
Nestas eleições houve claramente um esforço para não nacionalizar o sufrágio europeu, mesmo sabendo que é dos que mobilizam menos os cidadãos. Em 2019, Portugal teve a pior taxa de abstenção desde que faz parte da UE. Esperemos que os eleitores que se desloquem às urnas aumentem, tal como aconteceu com as últimas legislativas. E que a maior taxa de participação não se traduza num ajuste de contas, nem numa segunda volta das legislativas, mesmo que alguns dos candidatos a eurodeputados tenham conduzido a campanha eleitoral nesse sentido.
Anne Frank também escreveu que “onde há esperança, há vida. Ela enche-nos de uma nova coragem e torna-nos novamente fortes.” Que assim seja após o dia 9.