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Em 1978, durante o Governo PS-CDS, 42 deputados do PSD e outras figuras do partido subscreveram um documento intitulado “Opções inadiáveis” onde se criticava a liderança de Francisco Sá Carneiro. Muitos dos que o subscreveram, por coerência, saíram do partido, outros ficaram, vindo a colaborar com ele, e ainda outros, mais tarde, acabaram por voltar quando a AD ganhou eleições.
Recentemente, um militante e antigo governante do Partido Socialista dava esse mesmo título a um livro sobre opções inadiáveis para uma política progressista.
Parece importante esta expressão aparecer, ciclicamente, na vida política portuguesa como sinónimo de necessidade de realizar opções políticas que não se podem mais adiar. Certo que os tempos não são os mesmos e as motivações são diferentes. Contudo, poderíamos evocar a mesma expressão para afirmar um conjunto de reformas que Portugal não pode mais adiar.
Os governos sucedem-se e procuram deixar as suas reformas na forma de uma distribuição desigual onde a classe média vai desaparecendo, os jovens não encontram motivações para ficar e os idosos deixam a esperança desvanecer-se como a sua própria idade.
Do regresso de férias, com a abertura do Parlamento, vamos discutir o Orçamento e as contas certas. Mas vamos também ver a política de distribuição de rendimentos ser alterada, a carga fiscal conhecer um qualquer novo imposto e as promessas eleitorais prejudicadas.
O atual Governo procura governar e a Oposição fazer o seu papel. O próximo Orçamento deve revelar essas opções inadiáveis que Portugal não pode mais deixar de aplicar.