Tendo em consideração as eleições legislativas, começaram, nos vários canais de televisão os debates entre os líderes dos partidos políticos concorrentes. Uma nota parece ser dominante, o uso e o abuso da demagogia como arma de arremesso no confronto das ideias.
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No seu discurso de Ano Novo, bem apelou o Senhor Presidente da República a um virar de página por parte daqueles que têm a responsabilidade de propor ao país o modelo da sua governabilidade.
Assistimos agora a um constante namoro dos partidos com menos expressão parlamentar aos partidos centrais do sistema político. Quais os motivos dessa atitude?
Procurar evitar a bipolarização política e o voto útil no tal bloco central?
Como nota mais saliente fica registada uma demagogia em volta da redução dos impostos, da corrupção ou do rendimento social de inserção, enfim, procurando acentuar uma luta, de uns contra os outros, cavando uma trincheira entre a Direita e a Esquerda.
O que está em causa no dia 30 de janeiro é procurar encontrar uma liderança para um novo governo com uma maioria de suporte, seja com o PS ou em alternativa com o PSD.
Será, pois, muito importante esclarecer os eleitores de quais são as ideias estruturais que podem possibilitar a governabilidade do país.
Vem aqui e agora a segunda parte das eleições de 2015. Torna-se necessário explicar que quem levou o país à bancarrota foi o Governo do PS. Quem geriu a crise foi a Direita e arrumou a casa para se poder voltar ao discurso da recuperação de rendimentos. Agora volta a ser a mesma coisa.
Segundo dados da UE, dez estados-membros, todos do ex-Bloco de Leste, ultrapassaram já Portugal na criação de riqueza e na competitividade da sua economia. Segundo o FMI, o nosso país vai perder, até 2026, mais onze lugares no ranking mundial. Torna-se necessário inverter o discurso e deixar de se apelar ao consumo público e privado e fazer crescer a nossa economia com mais produtividade e exportações assentes em valor acrescentado. Ao mesmo tempo as reformas na justiça, na saúde, na educação e na segurança social exigem um Governo com coragem e determinação.
Estamos num tempo de voto útil e para tal só existem dois partidos: PS ou PSD.
A concentração de votos vai permitir a estes partidos ficarem menos reféns dos pequenos partidos e do seu sentido de oportunidade.
Precisamos de um Governo estável para os próximos quatro anos. A opção será, pois, entre quem quer mudar a página e quem quer continuar a fazer mais do mesmo.
Para já, só sabemos uma coisa: que António Costa vai dizendo que se perder sai.
Ainda estamos no início.
*Professor universitário de Ciência Política