Muito se tem falado de startups e de empreendedorismo no contexto do seu potencial para construir respostas e soluções para as nossas necessidades presentes e futuras. As tecnologias de informação e a saúde deverão ser as áreas com maior atração, com a combinação das duas a assumir claro favoritismo.
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Não sei se será este o caminho que vai mudar o Mundo e trazer as ajudas decisivas na resolução de importantes equações como a que nos vai obrigar a tratar mais e melhor os nossos concidadãos com base nos mesmos ou até em menos recursos do que aqueles que hoje afetamos aos cuidados de saúde.
Ou, de uma forma mais geral, a que nos vai obrigar, para os níveis atuais de consumo e bem-estar, a reduzir fortemente os recursos despendidos, desde logo, os naturais e não renováveis.
Não alinho na visão messiânica de que é nestas iniciativas, na sua esmagadora maioria protagonizadas pelos mais jovens e onde abunda não só muito talento como um saudável gosto pelo risco, que está a resposta e a solução para as equações referidas, mas acredito que podem ter, cada vez mais, um papel precursor e arejador da necessária mudança.
Claro que a estrutura económica de um país não se faz apenas com micro e pequenas empresas, ainda que no topo do conhecimento e da tecnologia. A existência de grandes corporações é fundamental, como demonstra a nossa realidade, nesse domínio com debilidades e fragilidades há muito diagnosticadas.
Dito isto, há aqui um caminho que devemos aprofundar. A visão do nosso país como uma grande incubadora de empresas tecnológicas - e na área da saúde reunimos alguns pontos fortes a não desperdiçar - é algo que nos deve coletivamente mobilizar. Não a partir de proclamações de circunstância que, volta e meia, alguns desempregados de longa e injustificada duração, travestidos de políticos visionários, nos querem vender, mas com base num programa sólido, de médio e longo prazo, assente num conjunto de bases que nos posicionem de forma vantajosa no panorama global.
Este programa deverá considerar na sua arquitetura preocupações muito sérias de tornar o país, e não apenas os seus grandes centros, como o melhor lugar do Mundo para começar uma empresa tecnológica em domínios relacionados com a saúde. A tipologia e a intensidade de incentivos, quer diretos, quer indiretos, teriam que nos colocar na primeira linha.
Na posse de uma ideia poderosa e de conhecimento sólido para a concretizar, um empreendedor de qualquer parte de Mundo, particularmente de um país europeu, que estivesse à procura de recursos financeiros, instalações adequadas e parceiros para complementar competências, teria que pensar, em primeiro lugar, em Portugal.
*Diretor-executivo do Health Cluster Portugal