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As eleições legislativas confirmaram aquilo que muitos já sabiam: Portugal está dividido. Curiosamente, o descontentamento é talvez o único ponto em que há consenso.
Enquanto se discute a composição do Governo, milhares de jovens continuam sem esperança. Os salários não acompanham o custo de vida, a habitação está fora de controlo e os mais qualificados continuam a abandonar o país. Esta é uma realidade repetida há anos.
Perante este cenário, é urgente que os partidos moderados encontrem um caminho comum. Um pacto de regime que vá além do calendário eleitoral e se comprometa com uma estratégia focada na juventude. Isso exige políticas públicas consistentes e ambiciosas. Um bom ponto de partida seria pôr fim à devolução de propinas , uma medida ineficaz, e com esse montante reforçar a ação social. Da mesma forma, é fundamental criar um novo plano nacional de alojamento estudantil, para dar resposta à grave crise na habitação.
O Ensino Superior, por sua vez, não pode continuar como um setor secundário. Criar uma Secretaria de Estado do Ensino Superior é um bom primeiro passo na valorização e autonomia do ensino superior. A par disso, deve-se valorizar o bem-estar físico e mental dos estudantes e implementar, progressivamente, a semana de quatro dias.
Somos uma geração esgotada por esperar por políticas que correspondam às nossas próprias ambições. Ambicionamos por melhor qualidade de vida, salários mais justos e mais oportunidades. Não podemos continuar a adiar o essencial. O caminho deve ser coerente, claro e continuado, para que todos os jovens consigam iniciar um projeto de vida em Portugal.