Portugal não tem vergonha?
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A FAP lançou uma campanha, sob o lema “Não Envergonha Portugal?”, com estatísticas que pintam um quadro desolador de um Portugal que não é para jovens. Infelizmente, a minha geração é a primeira a viver pior do que a anterior. Ora vejamos.
Os dados revelam que 30% dos jovens nascidos em Portugal vivem no estrangeiro. Infelizmente, hoje, as festas de despedida multiplicam-se e tornam-se tão comuns como aniversários ou casamentos. Somos o país com a maior taxa de emigração qualificada da Europa.
Em Portugal, os jovens saem de casa dos pais, em média, aos 30 anos. Esta realidade não é ditada por comodismo, mas sim pelo custo das rendas que superam os salários. Uma renda chega a custar mais do que o salário médio, e muitos saímos de casa sem que nos possam chamar de jovens.
Dá para acreditar que um jovem graduado recebe, em média, menos 200 euros do que há 10 anos? Sei bem que o número de licenciados aumentou e que ser mestre é cada vez mais frequente, no entanto, o poder de compra diminuiu 30%, o que só pode envergonhar Portugal.
O rosto destas estatísticas somos nós, os netos de Abril, a quem o país está a falhar. Impõe-se um compromisso, em prol da nossa geração. No próximo Governo, a Secretaria de Estado da Juventude deve estar sob tutela do primeiro-ministro, simbolizando um desígnio nacional pela juventude.
O país precisa de crescimento económico, de uma política fiscal amiga da juventude e de construir habitação pública para garantir o que de melhor temos: as nossas pessoas. A juventude tem de ser uma causa transversal a todos os partidos porque um país sem jovens não tem futuro.