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Portugal tem a quinta taxa de desemprego jovem mais elevada da OCDE e 75% dos jovens ganham menos de 950 euros.
Desta forma, os jovens não se conseguem emancipar e saem de casa dos pais aos 30 anos. Mais de metade dos jovens qualificados admite emigrar, sendo que nos últimos anos a emigração jovem representou um impacto negativo para Portugal de, pelo menos, 18 mil milhões de euros.
Há dias foi publicado o decreto-lei da devolução de propinas. Perante um dos principais flagelos do país, a emigração jovem qualificada, o melhor que nos têm para oferecer são medidas avulsas e presentinhos eleitoralistas. Nós agradecemos, mas a devolução das propinas aos jovens que trabalham em Portugal é um excelente exemplo de péssima política pública.
Os recursos são limitados, os 250 milhões de euros anuais que a medida irá custar não deveriam ser assim desbaratados. Reforçar as bolsas de ação social. Acelerar o plano nacional de alojamento no ensino superior, que prevê 18 mil camas até 2026 mas em seis anos cumpriu apenas 400.
Tenhamos consciência, a devolução de propinas não retém um único jovem em Portugal. Os 697 euros não são, nem de perto nem de longe, suficientes para um mês de renda na cidade do Porto. A diferença salarial mensal entre Portugal e, por exemplo, a Alemanha supera o valor da propina.
Não nos resignamos a ser a primeira geração a viver pior do que a anterior. Urge a necessidade de uma reforma holística das políticas para a juventude que nos permita construir o nosso próprio projeto de vida em Portugal.