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A ciência económica diz-nos que a principal chave para o crescimento económico de um país é a qualificação do capital humano. Surge, por isso, naturalmente, uma pergunta: se o país tem cada vez mais graduados, porque é que não cresce há 20 anos?
A resposta é complexa e envolve múltiplas razões, desde o quadro fiscal, até à capacidade de atração de capital estrangeiro. Contudo, irei focar-me hoje nas qualificações dos portugueses.
Segundo dados recentes, Portugal tem menos diplomados que a média da União Europeia, mas entre os mais jovens, a situação inverte-se. Se na faixa etária entre os 55 e 64 anos Portugal tem 18% de licenciados e a média da UE é 24%, já entre os 24 e os 34 anos, Portugal tem 48% de licenciados e a média europeia é de apenas 41%.
Os mais velhos ainda não acompanham este nível de formação. Portugal é o país da União Europeia com chefias menos qualificadas, com 47,5% dos patrões a não concluir o secundário, o triplo da média da UE. Quando os chefes não acompanham o nível de formação das novas gerações, estes podem constituir um travão à capacidade de adaptação das organizações, à sua capacidade de inovação ou até à gestão de recursos humanos, o que repercute na produtividade das empresas.
Por outro lado, as universidades têm os CEO mais qualificados, mas pouco eficazes a produzir. No que concerne a produzir ciência, que se traduz em produtos inovadores e geradores de riqueza, o nosso país está, claramente, atrás nos rankings.
A solução está, por isso, na formação ao longo da vida e na criação de clusters com forte ligação ao Ensino Superior, capacitando as empresas a inovarem com base na ciência.