A criação do Ministério da Reforma do Estado, liderado por Gonçalo Saraiva Matias, é uma oportunidade rara para repensar a administração pública em Portugal.
Corpo do artigo
Não se trata de seguir modas políticas, mas de enfrentar um problema estrutural: o Estado precisa de ser mais eficiente, transparente e próximo dos cidadãos.
Durante décadas, falou-se muito em reformar, mas fez-se pouco. As intervenções foram pontuais, reativas e evitaram tocar no essencial: burocracia excessiva, serviços públicos lentos, sobreposição de competências e, por vezes, práticas opacas. O Estado deve criar um modelo de organização em função das pessoas, não o contrário. É esta inversão de lógica que pode reaproximar instituições e sociedade.
Um Estado moderno e forte deve assegurar os pilares essenciais de um Estado de direito democrático. Facilitar a vida de quem nele vive e trabalha, remover barreiras inúteis, apresentar soluções mais simples e reconhecer no setor social um aliado para chegar onde o Estado, por si só, não chega.
É neste contexto que o novo ministro pode fazer a diferença. Gonçalo Saraiva Matias traz competência e visão. Porém, reformar o Estado não é cortar por cortar, nem apenas digitalizar processos antigos. É ouvir quem está no terreno, modernizar práticas e criar um novo pacto de confiança entre o Estado e os cidadãos.
A tarefa será dura e exigirá peso político. Enfrentará resistências internas, ceticismo e pressão para mostrar resultados em pouco tempo. Mas se o ministério conseguir agir com coragem, transparência e sentido de futuro, poderá deixar uma marca duradoura no país.