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Sempre que o calor aumenta, a história tende a repetir-se: risco muito elevado de incêndio em Portugal. A apenas dois dias do fim do verão, vivemos uma tragédia com milhares de hectares ardidos, sete mortos e uma mobilização notável entre vizinhos, Proteção Civil, autarcas, GNR, PSP e bombeiros.
O fumo que pairou no ar, no Norte e Centro, não deixou ninguém indiferente e trouxe-nos à memória o trágico ano de 2017, que achávamos que não ia voltar a acontecer. Pois bem, estávamos enganados. O círculo vicioso que vivemos continua a deixar o país vulnerável ao fogo, e a falta de gestão e preparação territorial é apontada como a principal causa há anos, mas mesmo assim 10% das verbas contra incêndios ficaram por executar em 2023.
As ondas de calor são cada vez mais frequentes e evidenciam a influência das alterações climáticas, sem dúvida, a maior crise do século XXI. A triste realidade é esta: a população viveu dias de aflição, enquanto os bombeiros, incansáveis e com os parcos recursos de que dispõem, deram o corpo às chamas. Alguns deram a vida. O valor dos bombeiros é reconhecido, mas a falta de apoio estatal é evidente. Segundo a Eurostat, Portugal é dos países da UE que menos investe em serviços de proteção contra incêndios.
O país tem de dar resposta. Mão pesada para os incendiários e para quem por interesses económicos comete este crime contra o território e as populações. A Academia Portuguesa tem um crescente conhecimento em matéria de prevenção de incêndios e ordenamento do território. É preciso aprender com os erros e implementar políticas com base na melhor evidência.