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A derrota tinha de acontecer e aconteceu. Precisamente num jogo em que o Vitória mandou e não teve a capacidade para materializar o seu domínio. Acontece. Não somos do Vitória pelos resultados que o clube alcança, mas por aquilo que ele representa: a sua história, a nossa identidade. A desilusão tem, porventura, a vantagem de não deixar vulgarizar a alegria. E esta equipa dar-nos-á, certamente, novas alegrias.
O que de preocupante fica do jogo é a incompetência das forças de segurança, percebida pelos relatos de quem lá esteve, a violência gratuita com que a GNR se decidiu investir e que deixou em pânico muita gente. Fui às Aves inúmeras vezes ver futebol, e nunca adivinharia qualquer espécie de confusão. Eles são gente como nós. Gente trabalhadora e maioritariamente cordata e as deslocações do Vitória são, geralmente, uma festa. Famílias inteiras deslocam-se para ver o jogo, na diversidade que o futebol nacional perdeu nos últimos anos, inundado hoje por claques organizadas que ganharam um protagonismo doentio.
Faz-me muita confusão que as claques tenham um tratamento de emissários do Papa, sempre muito protegidas enquanto distribuem impropérios e artefactos pirotécnicos, e as famílias que vão ao futebol, ou os grupos de amigos que se juntam, o tratamento de criminosos. Há qualquer coisa que está mal aqui.
Começo a ficar com a sensação de que há muita gente nas forças de segurança, nas suas chefias, que não se apercebeu que vivemos numa sociedade democrática e sindicável. E se não tiveram o rasgo para perceber (ainda) isso, é necessário que alguém lhes explique e os responsabilize. Rápida e eficazmente.
*Adepto do V. Guimarães