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A Região Demarcada do Douro é um daqueles territórios de Portugal onde é comum os agentes do setor dos vinhos atuarem tendo por base o oportunismo, sem quaisquer preocupações de ordem ética.
Os pequenos viticultores da região não conseguem ultrapassar a categoria de remediados e o Douro é das mais pobres regiões de Portugal. Recentemente, o presidente da Direção da Associação das Empresas de Vinho do Porto (AEVDP), que representa 80% da comercialização do vinho do Porto e 45% do Douro DOC, disse coisas que jamais esperaria ouvir: as empresas de comercialização dos vinhos do Douro não têm capacidade para escoar e valorizar os stocks de vinhos; o comércio do vinho da região está assente em vinhos de preço muito baixo; é obrigatória a rentabilidade do negócio das uvas e do vinho para manter a sustentabilidade da região do Douro.
No Douro, há empresas em que mais de 50% do lucro vem do enoturismo, cujo grosso do negócio está em Vila Nova de Gaia, onde pagam os impostos. O Douro continuará pobre, enquanto parte deste dinheiro não for obrigado por lei a ser investido na região.
A sustentabilidade da vinha e vinho do Douro tem de estar no foco de quaisquer estratégias turísticas, cujas taxas cobradas nos meios urbanos têm de reverter para a produção. Como se chegou até aqui.
O comércio dos vinhos do Douro verticalizou o negócio, com maior superfície de vinhas. Nos últimos 20 anos, as ajudas do VITIS foram usadas para reconverter e implantar novas vinhas utilizando as licenças vindas do exterior e da reserva nacional. Para trás ficaram os pequenos viticultores, a maioria dos 18 mil produtores de uvas da região.
Ninguém travou a transação dos cartões das uvas para vinho do Porto, cuja fatia de leão deste negócio foi para o comércio, que faz fortes investimentos em adegas e infraestruturas de enoturismo, o que denota liquidez ou forte capacidade de endividamento, decorrente da rentabilidade do negócio.
Em 30 dias, o Governo e a Assembleia da República devem libertar o IVDP da teia burocrática que impede quem o gere de fazer o que seja necessário para usar os valores financeiros disponíveis, fala-se em 12 milhões de euros, para campanhas de marketing. A fileira do Douro precisa urgentemente que o poder governativo lance as medidas necessárias para salvar a região!