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Os territórios do Interior Norte de Portugal têm estado fora das agendas dos partidos nesta campanha eleitoral. Deixo, por isso, aqui algumas propostas para ajudar a contribuir para travar o seu despovoamento.
Esse despovoamento assenta num cada vez maior apelo para que os jovens se desloquem para os centros urbanos. O espaço urbano traz um maior mercado de trabalho, mais oportunidades de lazer, cultura, serviços públicos, etc.
No espaço rural e nas regiões do Interior, há despovoamento, há envelhecimento, faltam empregos. Predomina o emprego nos serviços públicos, autárquicos e IPSS. Na agricultura, a sua sustentabilidade económica é muito débil, mesmo com o apoio das ajudas financeiras da Política Agrícola Comum.
Este círculo vicioso que faz com que as regiões mais frágeis economicamente sejam ao mesmo tempo aquelas que têm menos eleitores, há pouco interesse em avançar com propostas de medidas e ações concretas.
Os deputados eleitos pelos distritos de Bragança e Vila Real apostam sempre num discurso politicamente correto, sem propostas nem ideias inovadoras. Sendo um número limitado de eleitos para a AR, são engolidos pela lógica macro dos seus líderes políticos e parlamentares que apostam nos deputados dos distritos do litoral.
Os deputados de todos os partidos eleitos pelas regiões de baixa densidade deviam estar unidos e alinhados em resolver os problemas destes territórios, independentemente das lógicas partidárias e ideológicas.
A região de Trás-os-Montes, distritos de Bragança e Vila Real, chegou a este estado de debilidade económica e social, fruto do abandono político, inaceitável face aos recursos naturais existentes, biodiversidade, água, solo, etc.
Que propostas políticas precisa a região de Trás-os-Montes e que deveriam ter resposta nas eleições de 10 março? Deixo aqui à consideração dos partidos políticos com ambição de poder, AD e PS, duas ideias.
A primeira visa dotar a região de Trás-os-Montes de um instrumento essencial para desenvolver a sua agricultura: a água. Sendo a região com menor percentagem de superfície irrigável da superfície agrícola utilizada (SAU), 9,5%, e possuindo enorme potencial de água na bacia hidrográfica do Douro, deve ter um incremento do regadio em cem mil hectares até 2028.
Uma segunda ideia aposta na constituição de um fundo financeiro de emergência regional de 500 M€ (125 M€/ano) para investimento em I&D, liderado pelas instituições de Ensino Superior, à cabeça das quais está uma universidade prestigiada como a UTAD (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro).