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Muitas vezes, no futebol, todo o trabalho e abnegação de um grupo de trabalho define-se (apenas) por um momento. E a atitude e sorte da minha equipa definiu-se, naquele jogo intenso, num momento. Já muito perto do final, Vando Félix contornou bem a oposição da defesa do Braga, serviu Samu que, em ótima posição, não conseguiu concluir. Mas a bola queria entrar e transmutou-se em passe. Chucho, com a baliza aberta, deixou que o sortilégio da bola ganhasse à ânsia do pé em concretizar aquela oportunidade flagrante. Aquele particular momento, caso o golo encontrasse a felicidade que procurámos e merecemos, poderia dar-nos outro ânimo para o que falta do campeonato. Mas não deu. Ficamos num nulo que soube a pouco, perante um (estimado) rival que vai 13 pontos acima de nós e, de permeio, ainda temos outras equipas que nos podem tirar o acesso às provas europeias, nas quais temos feito, exemplarmente, o nosso trabalho.
Nestas curtas crónicas desportivas tento sempre relatar algo de acessório ao próprio jogo. E há sempre. Desta vez levei comigo, para o meio do meu grupo de amigos e filhas, um belga de nome Walter, habitante da cidade de Bruxelas e adepto fervoroso do Union de Saint Gilloise. Walter constitui para mim uma espécie de amuleto. De cachecol do Vitória ao pescoço, senti que ele, cujo clube havia recentemente ganho ao SC Braga, daria a sorte que nos tem faltado. Mas não foi possível. Paciência. A postura do Vitória foi, apesar da sucessão de resultados negativos, impecável. A nós resta o apoio e a esperança. Ser vitoriano não é uma escolha: é uma pele.