Não é de hoje que o tema da demografia é falado, como quase sempre, muita conversa, muitos planos, muitas ideias, mas pouca capacidade de execução.
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Quero chamar a atenção para um estudo da Escola Médica da Universidade de Washington, que nos coloca o problema bem de frente. Este estudo indica que em 2100, a população nacional reduzirá para valores de referência entre os 3 e os 6 milhões de portugueses. Um terço da população atual. Repito, um terço. O vetor diferenciador deste estudo face a outros anteriores prende-se com a inclusão de fatores como a taxa de fertilidade, esperança média de vida e imigração. Sendo dado grande enfoque ao primeiro vértice. O acesso à educação e à medicina reprodutiva, em particular a contraceção, é apontada como fator preponderante para a diminuição da taxa de fertilidade. Sendo feito um alerta sério no sentido de que o declínio da população não pode nunca comprometer as liberdades e os direitos reprodutivos das mulheres. O que compreendo e reforço, mas atrevo-me a ir mais longe, dizendo que o combate ao declínio da população estará de mãos dadas com a igualdade de género. Só existindo a convicção plena de que a natalidade não é um fator diferenciador na progressão profissional das mulheres criaremos o clima propício ao aumento da taxa de natalidade. A solução para esta questão é urgente e tem de começar a ser preparada já, sob pena de todo o modelo de sociedade que criámos ser posto em causa. Este problema é complexo e tem de ser atacado por vários ângulos, tendo na minha opinião três eixos principais. Igualdade de género, condições económicas estáveis e rede escolar e de apoio universal. É necessário criar um clima favorável à natalidade. A escolha da alegria de ter filhos não pode ter tanta coisa pesada no outro lado da balança. Tem de ser tomada mais cedo e equilibrada para homens e mulheres. É claro para todos que hoje ser pai ou mãe é quase um luxo. Não pode ser. Deve ser natural, como é natural a natureza humana.
Engenheiro e autarca do PSD