Portugal tem vivido, nos últimos tempos, uma completa confusão nos chamados serviços públicos só possível devido à falta de planeamento.
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Esta situação compreende-se porque há muito tempo, por causa dos chamados jobs for the boys, perdemos a ideia de serviço numa administração pública que devia preocupar-se com os cidadãos.
Acontece isso, no âmbito do Serviço Nacional de Saúde, onde continua a desorganização assumida por dirigentes e responsáveis políticos, sugerindo mesmo que não se adoeça em agosto como uma solução para o problema.
Por motivos institucionais, na semana passada, tive de utilizar a TAP para me deslocar a Roma.
Uma vez que o voo entre o Porto e a capital italiana está suspenso, lá tive de ir a Lisboa para conseguir fazer a minha viagem.?
Para meu espanto, estive uma hora parado no Porto, porque o avião que ia fazer a ligação estava também ele na pista a aguardar uma simples cadeira de rodas para retirar um passageiro. Soube depois que não existia serviço de terra para realizar tal tarefa.
Quando cheguei a Lisboa, não tinha qualquer serviço de apoio para nos orientar para o famoso avião e só graças ao esforço do pessoal de terra junto à porta lá consegui embarcar. Quem vinha comigo eram alguns políticos e iam para Bruxelas ao Parlamento Europeu. Acabaram por ficar em terra e só conseguiram ir no outro dia. Entretanto, constatei que também o cardeal patriarca passou a noite no aeroporto porque teve o seu voo, para Roma, cancelado?
No meu regresso, acabei por sair de Roma atrasado mais de uma hora. Pensava que tinham sido casos isolados. Nada disso. A própria tripulação evidenciava a sua vergonha e lamentava-se da situação pela mesma ser recorrente.
Qual não é o meu espanto quando vejo depois na TV que o novo treinador do Benfica chegou com três horas de atraso e na rede social Facebook o cantor de uma das senhas do 25 de Abril , Paulo de Carvalho, a queixar-se da TAP a propósito do seu voo de Paris.
Apetece deixar a pergunta: para que serve a famosa companhia de bandeira TAP?
São, pois, muitas as dúvidas sobre o papel estratégico da companhia, com exceção dos direitos adquiridos nos aeroportos do Mundo. Contudo, custa a perceber ao contribuinte, que vai financiando com os seus impostos a TAP, a desorganização que se vive.
Ao mesmo tempo, torna-se evidente discutir a localização do novo aeroporto de Lisboa e, de uma vez por todas, concluir este processo. Lembre-se que o Governo de Marcelo Caetano, já no inicio da década de 70, tinha definido Rio Frio como o local para esse novo aeroporto. De lá para cá, temos vivido um conjunto de equívocos sobre a nova localização.
Parece ser possível dar outra finalidade a Beja, com o apoio de ferrovia, e um novo sentido ao Porto. Para um país que pretende ter no turismo uma das suas fileiras de eleição, estamos a tardar na solução.
*Professor universitário de Ciência Política