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Estamos a chegar ao final do ano de 2023 e, em plena quadra das festas natalícias, temos o Governo e a Oposição a prometer tudo a todos.
O primeiro-ministro, de saída, faz um balanço positivo da sua governação esquecendo as condições e os motivos porque sai do poder. Com uma maioria absoluta, obtida ao final de oito anos de governação do PS, pretende dizer ao país que vem aí um novo ciclo, a ser dirigido por alguns dos principais responsáveis pelo modo como acabou por ser afastado do poder.
Do lado da Oposição, um sinal positivo, ao ser possível constituir uma coligação como a da AD. Pena foi que a este esforço outros partidos não se associassem, como seria o caso do PPM e da Iniciativa Liberal. A sua presença deixava uma mensagem forte e determinada de como a Direita democrática ia enfrentar as próximas eleições.
Agora, o tempo da caminhada eleitoral não poderá ser o do bacalhau a pataco tão do agrado de muitos dos nossos políticos. Os portugueses têm de compreender quais as soluções dos partidos com vocação de governo.
Prometer o fácil na campanha e depois dizer que não é possível quando se chega lá?
Todos sabem como se encontram o SNS ou a escola pública.
Estamos a chegar a um ciclo que implica reformas que devem ser assumidas com coragem. O problema não está só nas decisões que acabam por assumir, mas também nas opções que, devido a uma forte carga ideológica, acabam por criar entropias no sistema, não permitindo que os serviços públicos respondam aos anseios dos cidadãos. A questão não será de escolher entre radicais e moderados, mas antes entre aqueles que têm uma visão estratégica para o país que responda à sua modernidade.
Por ironia do destino, nos 50 anos do 25 de Abril de 1974, os portugueses vão a votos sem grandes ilusões. As gerações sucederam-se, muitos dos que cá estavam naquela manhã inteira e limpa já nos deixaram, e os atuais estão muito desiludidos com a conjuntura política.
O balanço do ano permite concluir que, mais uma vez, perdemos tempo nas reformas necessárias e desperdiçamos a sempre útil estabilidade política. O nosso anseio para 2024 será desejar um Portugal moderno, que não tenha medo de adaptar o seu Estado social, olhando para o envelhecimento da nossa população e para as necessidades do SNS de responder a essa nova realidade e que não continue a divergir da União Europeia.
Chega agora ao poder a geração que nasceu depois de 1974 e com ela a responsabilidade de cumprir um programa eleitoral que responda aos problemas dos portugueses.
Enfim, resta-me desejar um 2024, sei que será difícil, com muita estabilidade política.