O Partido Social Democrata (PSD) escolhe no dia 28 de maio, em eleições diretas, o seu próximo presidente.
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Independentemente da escolha que os militantes fizerem fica claro que o novo líder tem pela frente uma missão difícil mas não impossível. Estar cerca de quatro anos e meio na oposição não pode significar qualquer constrangimento na maneira de agir e propor as reformas estruturais que o país precisa.
Certo é que as duas candidaturas refletem visões diferentes na ação mas convergentes na abordagem aos problemas. Será, pois, um momento de unidade no debate interno recusando a unicidade própria dos partidos de vocação totalitária.
Uma coisa parece não se poder escamotear. O problema, não sendo conjuntural, não é do perfil do líder. O problema é mais estrutural e evidencia a necessidade de o PSD se saber relacionar com a sociedade e com as comunidades locais. Temos de compreender os anseios dos mais jovens, as frustrações da classe média e o medo sobre o impacto futuro das pensões dos mais velhos.
Precisamos de um PSD de portas abertas que saiba dialogar com a sociedade e atrair os seus elemento mais dinâmicos e os mais ativos. Aquilo que Francisco Sá Carneiro chamava o país real. O país que sai todos os dias para trabalhar, que não vislumbra uma política de rendimentos e salários estimulante, que não encontra um mercado de habitação que responda à necessidade de mobilidade, que sofre no SNS, que receia as consequências do envelhecimento e do seu impacto na demografia do país. Perante isto a futura liderança tem de ter respostas claras e que saibam ser uma verdadeira alternativa ao Partido Socialista e à Esquerda.
A dois anos dos 50 anos do 25 de Abril, o PSD não deve ter medo do seu passado, mas deve decisivamente voltar-se para o futuro e dizer aos portugueses que está atento e tem políticas públicas inovadoras neste tempo de alterações climáticas e de transição digital.
Depois da troika, da pandemia e agora com a guerra, temos de compreender que não basta ganhar em casa. É preciso ganhar Portugal.
Os dois candidatos terão de saber que o PSD se distingue da Iniciativa Liberal pela sua defesa do Estado social. Tem uma diferença grande com o Chega porque é um partido integrador e de respeito pela dignidade humana. Prefere a liberdade, compreende a igualdade de oportunidades, defende as funções de soberania do Estado e cumpre, nas funções sociais, a Constituição de 1976.
Eleito o novo líder, o partido saberá estar unido porque compreende a vontade dos militantes.
Contudo, neste tempo de escolhas, devemos aprofundar o debate interno e preparar o PSD para os grandes desafios do nosso tempo.
Da minha parte já escolhi de forma responsável.
*Professor universitário de Ciência Política