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O Norte pode ter vários rótulos que espelham a sua história, dinâmica e diversidade. Assentam bem as classificações de “região industrial e exportadora”, de “berço da nação”, de “território de excelência em vinícola”, mas dificilmente o classificaríamos como “região turística”. No entanto, o turismo tem importância crescente na economia e no emprego da região, em grande complementaridade com o setor primário, potenciando projetos de desenvolvimento, sobretudo de territórios com menor densidade industrial. O agroturismo e o enoturismo evidenciam essa simbiose e ganharão crescente relevância no futuro próximo.
Mercê da combinação frutuosa entre recursos endógenos, estratégia, competência e envolvente internacional favorável, Portugal tem tido um desempenho excelente no reforço da sua atratividade turística. Os resultados são particularmente positivos a Norte onde, nos primeiros cinco meses do ano, se observou um crescimento de 25% do número de hóspedes e 39% de proveitos, relativamente a 2022, ano em que já se tinha superado os números pré-covid de 2019. Espanha é o primeiro mercado de origem, a crescer 27%, e os Estados Unidos são o terceiro e de maior crescimento - 70%.
O turismo foi capaz de reforçar o perfil cosmopolita e internacional do Grande Porto, de viabilizar a recuperação dos centros históricos de cidades como Guimarães ou Braga, excelentes exemplos de como investimentos públicos estratégicos alavancam iniciativa privada. No entanto e necessariamente com números muito mais reduzidos, o turismo é especialmente importante para espaços mais rurais, onde a fixação de pessoas é um dos principais desafios da região.
O Norte tem excelentes condições para, com base na sua autenticidade - das pessoas e dos patrimónios natural e histórico-cultural -, evoluir para um turismo de maior valor acrescentado, com capacidade para criar melhor emprego. O conjunto de novos investimentos turísticos programados para a região apontam nesse sentido. A estratégia e o excelente trabalho promocional e de acompanhamento do Turismo Porto e Norte são certeza de rumo certo. A qualidade dos espaços públicos, urbanos ou naturais, que os municípios têm vindo a garantir e a melhorar são permanente renovação da esperança.
Neste contexto promissor, afigura-se como incontornável, também no turismo, o desafio da maior geração de valor. Afigura-se incontornável que o Aeroporto Francisco Sá Carneiro reforce as suas ligações transcontinentais, abrindo decisivamente a região a mercados de maior poder de compra, que contribuem para o aumento da estadia média e para a diminuição da sazonalidade.