Agustina, cujo centenário de nascimento se assinalará este ano, dizia que "a cultura é o que identifica um povo com a sua finalidade". Essa conceção primordial e de destino da Cultura é, no mundo de hoje, profundamente atual.
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A Cultura, na sua dupla aceção material e imaterial, de passado e futuro, de património e de criação, constitui o insubstituível pilar de identidade de um território e de uma comunidade e, simultaneamente, um cobiçável motor de criatividade, gerador de expressões plurais, transformações urbanas, inovações industriais, "conteúdos" educativos e ímanes turísticos.
É uma espécie de cola simbólica e social que liga pessoas, lugares, memórias e imaginários; e ainda uma inteligência criadora que formula novas perguntas e diferentes propostas de mundo, com reflexos nas artes, na economia (em setores como o habitat, a moda e as indústrias criativas), educação, trabalho, turismo, na qualidade de vida e numa visão coletiva de futuro. É nesse sentido que a OCDE defende que "a Cultura deve ser reconhecida tanto pelo seu valor intrínseco como pelo seu valor instrumental".
Por isso nos deve espantar como pode a Cultura ter ainda, entre nós, um lugar tão escasso na vida coletiva e nas políticas públicas. Conferir-lhe centralidade e contrariar essa escassez é hoje decisivo para Portugal e, em especial, para uma região empreendedora e de forte personalidade como o Norte.
Por esse motivo, na estratégia Norte 2030, elegemos a Cultura como bem essencial, ao lado da Saúde e da Educação. Não pode ser de outra maneira. Por isso, acarinhamos a ambição de cidades como Braga, Viana do Castelo e Vila Real na corrida a Capital Europeia da Cultura. Independentemente da decisão, a sementeira dará frutos.
O mesmo sucede em Guimarães, onde dentro de dias se inaugura um promissor complexo cultural, no coração de Couros, dando nova vida ao notável Teatro Jordão e à Garagem Avenida, para aí instalar a academia de música Valentim Moreira de Sá e um "hub" universitário de formação e criação na esfera das artes performativas e visuais. A oferta museológica, atual e futura, de Bragança é notável para uma cidade da sua dimensão.
O triângulo formado por Serralves-Casa da Música-Teatro São João é um porta-aviões não apenas de programação, mas também de criação e internacionalização do Norte. A nossa indústria compreende hoje o papel e a força da Cultura e das Artes, muito além do design. Um grupo como a DST, por exemplo, vive e fomenta um ecossistema de artistas e criações.
O futuro que queremos para o Norte também passa por aqui.
*Presidente da CCDR-N