Terminado o Congresso do PSD está o país preparado para enfrentar as eleições de 30 de janeiro. Ultrapassada a quadra das festas vamos entrar em modo de campanha eleitoral.
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As propostas a avaliar vão ser muito diferentes. Tudo parece apontar para a importância do chamado voto útil nos partidos que formam o eixo central da nossa democracia.
Para isso, os partidos mais marginalizados, nos extremos do sistema político, querem afirmar-se de forma ruidosa de modo a não serem vítimas do resultado desse voto útil.
Desde logo o CDS, o Chega e a IL à Direita, e o PAN, o Bloco de Esquerda e o PCP à Esquerda.
Afirmada a liderança de Rui Rio, no PSD, e a disponibilidade deste em participar numa solução de governabilidade, que é muito diferente de fazer um governo de bloco central, resta saber o que o Partido Socialista quer fazer. O sentimento generalizado é que o PS, na hora da verdade, vai fazer ressuscitar a "geringonça" e continuar a adiar as reformas que Portugal reclama. Certo é que será muito difícil explicar ao país porque não deixará governar o PSD se este ganhar as legislativas. Disto o Partido Socialista tem vindo timidamente a fugir de esclarecer os portugueses.
Uma coisa parece certa, um novo Parlamento fragmentado ou dividido vai implicar novas eleições antecipadas e iremos entrar nos tais ciclos curtos de que nos fala o Senhor Presidente da República.
Os desafios que estas eleições colocam não podem ser tratados de uma forma leviana e será muito importante esclarecer, na campanha eleitoral, quais são as opções estratégicas dos dois mais importantes partidos.
Temos de saber o que se pretende fazer na governabilidade, na administração pública, na justiça, na educação, na saúde ou na regionalização.
As próximas eleições devem significar não a abertura de ciclos políticos de curta duração, mas antes de ciclos políticos reformistas.
Estamos a atingir 50 anos de regime democrático e não podemos esquecer que muitas das nossas instituições precisam e querem mais escrutínio e mais reformismo.
Sabemos, assim, que serão umas eleições onde o cidadão vai aparecer como contribuinte, como cliente, como consumidor e também como eleitor.
Será, no silêncio da cabina de voto, a oportunidade de fazer consubstanciar uma alternativa. Essa já tem um discurso diferenciador que radica numa ideia muito cara para Francisco Sá Carneiro quando dizia que " a partir do desenvolvimento da ideia de igualdade, depressa se reconhece que o Estado não se pode desinteressar dos problemas da vida dos indivíduos em sociedade. Assim o impôs o valor essencial da liberdade, que sem igualdade se torna aristocrático.
*Professor universitário de Ciência Política