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Em maio passado, uma destas crónicas quinzenais foi dedicada às bem-sucedidas estratégias de intermunicipais de promoção do sucesso escolar (PIPSE) e aos excelentes resultados conseguidos com planos integrados e inovadores de combate ao insucesso escolar (PIICIE) desenvolvidos no âmbito do Programa Norte 2020, bem como de outros programas operacionais regionais.
A articulação entre o Ministério da Educação e as comissões de coordenação e desenvolvimento regional (CCDR), bem como entre os responsáveis das escolas e dos municípios onde estão implantadas, permitiu reduzir significativamente o insucesso e o abandono escolares, fazendo com que, numa década, a Região Norte tivesse uma evolução muito positiva e territorialmente equilibrada, que a coloca atualmente acima da média europeia nesses indicadores.
No entanto, essa melhoria de desempenho da rede escolar regional não se verificou apenas nos níveis mais baixos das classificações, escalão ao qual a publicação “Escolarização na Região Norte” - CCDR-Norte, de abril de 2023 - confere atenção preferencial, uma vez ser o foco dos referidos PIICIE. De facto, também os níveis de excelência foram territorialmente favorecidos.
A esse respeito, o “país da educação” é anualmente impactado pelos resultados do Concurso Nacional de Acesso (CNA) e pelas múltiplas leituras que são possíveis extrair da procura e da nota de entrada nos diferentes cursos de licenciatura e de mestrado integrado.
Deixando de lado eventuais abordagens valorativas sobre diferentes universidades ou cursos, uma análise da origem dos estudantes admitidos na licenciatura com nota mínima de entrada mais elevada no CNA2023 - Engenharia Aeroespacial da Universidade do Minho, sediado em Guimarães - permite perceber o que está a acontecer, também na franja das classificações muito elevadas.
Nesse escol de 30 estudantes, todos com média de entrada superior a 18,86 valores, 20% eram de fora da Região ou de escolas privadas. Nos restantes 24 estudantes, há uma natural supremacia de proveniência das escolas de Braga e de Guimarães (37,6%) e uma presença muito significativa de alunos vindos de escolas do interior ou de centros urbanos de pequena dimensão, nomeadamente Bragança, Fafe, Felgueiras, Ponte de Lima ou Torre de Moncorvo (21%).
Estes são números de esperança e devem ser de reconhecimento da nossa rede de educação pública e, sobretudo, da articulação harmoniosa entre os seus vários agentes que permitem estes resultados, contrariando perceções que erradamente vamos construindo sobre os tradicionalmente designados territórios do interior.