A Seleção de andebol conseguiu o feito inédito de se apurar para os Jogos Olímpicos. Nuns últimos 10 segundos de jogo emocionantes, Portugal carimba o passaporte para Tóquio.
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Um jogo marcado de emoções. Pela reviravolta final, mas também pelo luto, que cobre toda a equipa, pela morte do guarda-redes Alfredo Quintana. Mas a história deste apuramento pode ter camadas que vão muito para lá do valor desta excitante vitória.
Os resultados do andebol nacional melhoraram muito nos últimos anos e há dois fatores fulcrais para tal: as entradas do selecionador Paulo Pereira e de três grandes atletas de origem cubana.
Paulo Pereira é o exemplo do que podemos conseguir com o retorno do valor de tantos portugueses que temos espalhados pelo Mundo.
Quintana, Salinas e Iturriza, os três jogadores de origem cubana, demonstram tudo o que temos a ganhar quando atraímos os melhores para entregarem o seu conhecimento ao futuro do nosso país.
É obvio que não falo só de andebol. Alarguemos o exemplo às empresas, às universidades, à política e aproveitemos tudo o que a nossa diáspora e a imigração nos têm para dar.
Mas esta história tem também um lado social. Um prisma que emociona, o exemplo de Alfredo Quintana.
Nascido em Cuba, formado no Porto, escolheu Portugal para o seu projeto de felicidade. Naturalizou-se, optou pela nossa bandeira e chegou à seleção nacional. Com a camisola das Quinas foi um exemplo: um dos melhores do Mundo. A sua origem não interessava, a sua cor muito menos. É um ídolo no andebol e no país.
Morreu cedo, demasiado cedo.
Mas mesmo no seu "adeus" é um exemplo para todos. Os rivais Benfica e Sporting jogaram com o seu nome nas camisolas. Todos os clubes lhe prestaram homenagem.
Esqueceram-se os ódios, os amores e as guerras desportivas. Esqueceram-se as raças e as origens.
Caíram muros de preconceito. Caíram lágrimas.
Alfredo Quintana morreu, mas o seu exemplo fica e é uma lição de vida.
*Engenheiro e autarca do PSD