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A emigração jovem qualificada é um dos maiores desafios que Portugal enfrenta. A solução para esta fuga de talento exige uma mudança estrutural e, acima de tudo, um compromisso político alargado.
Não é possível resolver este flagelo sem um acordo entre os principais partidos, garantindo estabilidade e continuidade às reformas necessárias. Sem consenso político, o país permanecerá refém de um pêndulo legislativo constante. O crescimento sustentado não se faz em ciclos eleitorais curtos, mas sim com políticas estratégicas de longo prazo, que ultrapassem rivalidades partidárias e priorizem o interesse nacional.
Precisamos urgentemente investir em setores de elevado valor acrescentado, como tecnologia, inovação e inteligência artificial, garantindo empregos qualificados e bem remunerados. Portugal não pode continuar refém de um modelo económico baseado no turismo, que, apesar da sua importância, oferece salários baixos e poucas oportunidades de progressão de carreira. Temos de apostar, sim, numa reindustrialização inteligente e na transição para a Indústria 4.0.
Os países que mais atraem emigrantes portugueses têm um fator em comum: apostam fortemente na inovação e na valorização do conhecimento. Portugal deve seguir este caminho, promovendo uma economia mais competitiva, onde o talento é reconhecido e recompensado. O Estado tem um papel fundamental. Deve liderar o investimento em ciência e tecnologia, incentivar as empresas a oferecer melhores condições salariais e garantir que o ensino superior prepara os jovens para o futuro. Mas, para isso, é urgente um entendimento político sólido, que vá além das disputas eleitorais e permita uma visão estratégica para o país.